Bandidos e mocinhos
Sinceramente, me espanta quando alguém tenta atribuir a atual crise política à atuação da Imprensa. Para muita gente, os meios de comunicação estão "inflando" a crise.
Como conheço bem todos os personagens desse enredo, posso garantir que não há aí quem não esteja contribuindo para que esse ou aquele tema fique ora em evidência, ora distante do público.
Políticos usam a imprensa o tempo todo, e a imprensa seleciona o que lhe parece mais conveniente do ponto de vista político e econômico, sendo que intramuros há os interesses dos jornalistas propriamente ditos em contraste com os interesses dos donos dos jornais, das agências de notícias e das emissoras de rádio e TV. Na verdade, o quadro é bem mais complexo do que consegui descrever, mas o objetivo aqui não é me estender tanto.
O que interessa é que na maior parte dos casos o que está sendo divulgado corresponde a uma parte da verdade.
A crise não é menor do que a imprensa está divulgando ou que a oposição está alardeando. Se atentarmos bem, a crise é muito maior. Se a Imprensa estivesse realmente comprometida em mostrar o drama da realidade brasileira vivido pelos mais pobres, pelos famintos, pelos que não têm atendimento médico nem educação, pelas vítimas da violência e da destruição ambiental, etc, etc, contrapondo essa realidade com o desmascaramento da corrupção e dos esquemas de poder econômico e político, talvez um certo desespero tomasse conta deste país. Porque a situação é gravíssima.
Obviamente há também coisas boas acontecendo, iniciativas meritórias, ações e programas que dão certo, mas louvar o bom não deve nos impedir de ver e mostrar o que é preponderante.