Mulher: Verdadeiras histórias de persistência e superação
Yvone Rodrigues Martins Lobato, gerente da APRY Indústria e Comércio Ltda, do ramo de confecção de roupas e acessórios, de Belo Horizonte, tinha dificuldades econômicas devido aos seguidos prejuízos na empresa que mantinha desde 1983.
Maria de Fátima Sousa Costa, pedagoga, de Uberlândia, sonhava em ter autonomia para aplicar todas as metodologias inovadoras no ensino para as crianças.
E a empresária Márcia Freire Moreira, de Campo Belo, resolveu investir em buchas vegetais, depois de fracassar no negócio de confecção de panos de prato.
Essas três mulheres não desanimaram e decidiram que poderiam aprimorar seus conhecimentos e colocá-los em prática. E para dar continuidade às suas idéias, elas participaram da primeira edição do Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora (2004) e foram as três vencedoras da etapa estadual em Minas Gerais.
Com a crise que atormentava o setor e preocupada com o acabamento das fitas, cordões e acessórios das roupas, que após a lavagem sempre desfiavam, Yvone desenvolveu uma máquina para utilização própria, mas ainda tinha um problema ao fazer o fuxico. Como fazer uma unidade, por exemplo, era muito demorado - gastava-se no mínimo 10 minutos -, foi necessário criar outra máquina, com a qual desenvolvia os moldes dos fuxicos, de vários tamanhos. Com a invenção, pode-se fazer, no mínimo, 70 fuxicos por hora, e com prática chega-se a 150 fuxicos por hora.
A partir daí, Yvone deu um outro passo importante: divulgar para todo o Brasil a máquina de fazer fuxicos, com um anúncio em uma revista de circulação nacional. O retorno foi imediato e as dificuldades administrativas imensas. "Se pudesse voltar no tempo teria me preparado melhor, procurando ajuda especializada e, com certeza, não perderia tantas vendas", disse a proprietária. Ao optar por participar da Feira do Empreendedor do Sebrae, em 2004, o produto foi levado para perto do consumidor. "O sucesso foi além do esperado. Nosso estande foi um dos mais visitados da feira, onde dobramos nossas vendas e fizemos muitos contatos para negócios futuros."
Yvone se emociona ao saber que sua invenção tem ajudado pessoas que buscam complementar a renda, além de ser utilizada para a realização de terapia ocupacional em hospitais. "Quando as pessoas ficam sabendo que quem desenvolveu a máquina foi uma mulher, logo se admiram. Nós, mulheres, temos que quebrar paradigmas buscando nos aprimorar diariamente, com fé, perseverança, organização, persistência e, principalmente, conhecimento, que é a base para a criação. Temos que sair do nosso conformismo."
Do sonho à prática - Maria de Fátima Sousa Costa é pedagoga e sonhava em colocar em prática metodologias de ensino inovadoras, como trabalhar com pedagogia utilizando projetos em uma linha socio-construtiva. Assim, Maria resolveu fazer faculdade de Pedagogia e pós-graduação em Psicopedagogia. "Depois de refletir sobre educação infantil, logo me veio a vontade de realizar um sonho: montar uma escola para atendimento de crianças de quatro a seis anos".
No ínício, a pedagoga montou uma colônia de férias com a ajuda de amigos e parceiros. Construiu três cômodos no fundo da sua casa e, após dois anos de funcionamento, já com quatro professoras, a escola foi reformada e ampliada. "Uma empresa da cidade nos apoiou na implantação de projetos educacionais para 40 crianças carentes". Para desenvolver melhor esse projeto, Maria resolveu fazer pós-graduação em Pedagogia Empresarial. "Sempre participamos de cursos de reciclagem e inovação na área de educação para os profissionais da escola. Acredito que somos do tamanho dos nossos sonhos".
Trajetória de persistência - O objetivo de Márcia Freire Moreira era fazer o curso de Direito, mas houve dois empecilhos na sua trajetória à faculdade. O falecimento de seu pai, que a desmotivou muito, e o esposo que tinha resistência em deixá-la estudar. Mas com muita determinação resolveu estudar, e para pagar a faculdade começou a fazer panos de prato. Na época, um empresário a incentivou a ter seu próprio negócio e Márcia resolveu gastar o pouco que tinha na reforma de uma garagem. Abriu a loja, mas as vendas fracassaram. "Foi então que eu descobri o que tinha de melhor, acreditei em mim."
A atual proprietária da Márcia Freire Moreira e CIA Ltda apaixonou-se pelo cultivo de bucha vegetal, um produto natural. Porém, esse trabalho tinha suas adversidades: Márcia teve alergia ao adubo utilizado no plantio da bucha, o sol forte a queimava e as latas de esterco machucavam suas mãos. Sem falar das idéias contrárias que tentavam desanimá-la. "Até que comecei a procurar ajuda técnica do Sebrae, juntamente com a minha sogra que estava desempregada na época. Hoje, temos uma empresa que emprega sete pessoas", conta Márcia. Além de gerenciar a empresa, Márcia ensina técnicas de piscicultura para pessoas de sua comunidade e tem projetos, como a participação no Programa Sebrae de Artesanato.