“Anarcracia”: o produto do “galinho” de Brasília ante uma massa deseducada, embriagada e manipulável.
A baderna e a inversão de valores prevaleceu no carnaval da Capital Federal, prevaleceu perante a tudo que se tinha de referencial em condutas cidadãs na fatídica noite de 04 de fevereiro de 2008. Desta vez a vítima foi a PMDF.
Foi difícil entender a postura com a qual as autoridades trataram a legítima intervenção policial militar numa rua de Brasília. Passo a partir deste dia a repensar conceitos básicos como o da democracia, os interesses coletivos, deveres cívicos do cidadão perante o próximo e principalmente perante o Estado constituído e sua representação. Talvez a moderna ciência política seja capaz de me fazer entender, entretanto, me abstenho de opinar enquanto não encontro respostas no lugar certo: nos livros.
A imprensa fez o seu papel, noticiou reiteradas vezes a ação proporcional da PMDF ante uma massa de “foliões” brasilienses - que infelizmente lamento atestar, não sabem o que é carnaval e por vezes são capas de jornais Brasil a fora por atitudes como as tomadas no galinho de Brasília - que deixaram em casa suas cargas mínimas de cidadania, e se acharam no direito de agredir policiais que a horas tentavam uma solução pacífica para um problema da coletividade. O interesse dos “foliões” que ali estavam interferia na calma, no sossego, tranqüilidade pública das centenas de famílias que residem nas quadras residenciais e mistas das cercanias, que podem ser atestados pelas dezenas de chamadas ao 190 naquela data e hora.
Talvez as imagens postadas por manifestantes à disposição no sitio “Youtube” sirvam como alento aos 22% da tropa ferida na ação e mostrem, ainda que na visão de manifestantes, a conduta pacífica destes nobres policiais que usaram proporcionalmente, quando necessário, armas não letais em defesa própria e da coletividade. Convém salientar: os policiais não dispunham de câmeras e as disponíveis não mostraram a depredação das viaturas e os policiais feridos por parte dos “foliões”.
Apesar de me entristecer, entendo a postura parcial da imprensa, ante a falta de “furos” e a “mesmice” reiterada do esvaziado carnaval candango, de inverter o contexto do ocorrido e dar voz somente àqueles que imponentemente portavam suas latas e garrafas de cerveja - inclusive atirando-as nos policiais - e solenemente balbuciavam coisas sem sentido diante das câmeras. E a polícia? Foi punida exemplarmente pela coletividade. E ao cidadão - incluindo os ébrios e demais “guerreiro-foliões”? As escusas pela polícia truculenta. Lamentável foi, como lamentável é o nível intelectual daqueles que admitem receber um produto tendencioso sem dar a este um questionamento dialético - ver o lado do policial - felizmente a comunidade começa a despertar, ou melhor, o Ministério Público, ao tomar ciência do ocorrido pronunciou-se favorável a ação policial a despeito da abordagem covarde e parcial da imprensa.
Assustam-me os exemplos dados pelos meus compatriotas neste pequeno episódio na capital federal, essas características que a cada dia vemos no cidadão: a omissão daqueles que se incomodaram com a balburdia formada, solicitaram o aparato estatal para restauração de sua tranqüilidade e por fim não foram capazes de declararem sua insatisfação com a baderna instituída; o apelo incondicional aos direitos aliado ao rechaço completo aos deveres e condutas de cidadão. O desrespeito desmedido perante a polícia militar e o pior, a legitimação de atos rebeldes criminalizando uma postura policial defensiva. As imagens são claras, e a fonte não é a polícia!
Enquanto muitos, sabiamente buscam por cidadania sendo cidadãos e se portando como tal, uma minoria extrapola e comete atos desta envergadura a ponto de desafiar o Estado num evento de tradição pacífica. Perdemos todos neste evento, o morador inconformado com as pessoas que urinavam e transavam em seus condomínios, a polícia militar enfraquecida ante o foco empresarial das reportagens parciais, e a democracia, que se enfraquece junto com a polícia, cada vez que eventos como esse ocorrem e a massa incauta vem a confundi-la - achando estar agindo corretamente - com a sua prima distante, a anarquia.