A NOVA PONTE ESTAIADA

Opinião.

Para quem reside na cidade de São Paulo é quase impossível não tê-la notado.

A nossa mais recente "obra de arte" no ramo da engenharia e arquitetura, realmente já compõe um dos mais belos cartões postais de São Paulo, como bem já publicou recentemente a revista Veja; a majestosa PONTE ESTAIADA que une as duas pistas marginais do Rio Pinheiros, interligando a malha rodoviária de São PAulo próximo a um novo centro financeiro da Cidade, O CENTRO BERRINI.

A obra, também é o carro chefe do governo do Nosso Prefeito, engenheiro Kassab, formado pela Escola de Engenharia Politécnica da Universidade de São Paulo, um dos feitos que abrilhantaram a concessão do título de engenheiro do ano de dois mil e sete, aliás merecidamente.

MAS AQUI PRETENDO EXPOR APENAS UMA OPINIÃO PESSOAL, de um paulistano que ama São Paulo, trafega diariamente pelas avenidas, e que tem um olho muito observador, talvez um pouco crítico demais.

Ocorre que vou confessar algo engraçado: Quando a ponte estava sendo construída, perguntei a quem era do ramo da consrtrução Civil, se aqueles cabos enormes seriam retirados depois de pronta a ponte.

Por favor não riam de mim. Acho que tenho uma explicação justa!

Depois parei para pensar porque tive aquela sensação.

Hoje, ao olhar para a ponte praticamente pronta e que esbanja elegância no seu design arquitetônico, percebo que sua estrutura se embaralha com o aspecto visual da região, aonde há torres e fios de alta tensão que margeiam o rio, prédios comerciais, viadutos no entorno da ponte , bem como barracos residencias, alguns já retirados da imediação.

Conclusão: Percebo que a despeito da obra ser magnífica , INSERE-SE EM MEIO a uma certa "poluição visual".

Tenho a sensação de que no continente (espaço urbano), não coube o conteúdo (a ponte).

Quando observo algumas pontes estaiadas famosas, projetadas e construídas pelo mundo, percebo que o entorno do cenário é bem "clean", e isso favorece a magnitude e a beleza das pontes.

Aonde eu quero chegar: Naquele ponto que já toquei em alguns textos sobre a cidade:

São Paulo cresceu sem projeto urbanistico algum!

As novas idéias são colocadas num cenário super lotado, de pouco verde, que embora tentem apresentar à população uma cidade mais funcional, acaba por pecar no planejamento urbanístico global, naquele projeto que faz com que nos sintamos acolhidos ao entrar em determinado ambiente.

A ponte estaiada parece que pede socorro para existir!

-Dá licença, será que poderia ceder-me mais espaço para eu crescer visualmente?

Não sei, não sou do ramo, mas sinto que algo não saiu tão a contento quanto se fala.

Fui pequisar sobre planejamento urbanístico, e encontrei uma arquiteta, pós graduada em "Urban Design and Urban Planning", Regina Meyer, que tão bem discute a problemática de São Paulo.

Foi então que entendi que a minha sensação não estava errada.

O planejamento urbanístico mais moderno pensa exatamente em evitar tais situações "disfuncionais" ou reverter o aglomeramento urbanístico.

Mas São Paulo a meu ver pede por socorro.

A cada novo concreto, têm-se a impressão de "emendas em solução", para algo que ainda não foi solucionado. A racionalização dos espaços!

Uma cidade tem que ser aprazível. E bonita.E estar apta para receber um projeto como o da ponte estaiada, mas para o reverenciar. Não para o enclausurar...

Há que se respeitar a lei do zoneamento que por aqui parece que foi esquecida.

O concreto da cidade se verticaliza apinhadamente, e tenho a impressão que me falta o ar.

A cidade esquentou demais! Olho da janela do alto do meu apartamento e não gosto muito do que vejo. Procuro por vida...

Não sei, precisamos de olhos que enxerguem o entorno, e de mãos que projetem e trabalhem melhor o espaço, para a dissipação do prazer de se viver no solo urbano. E já não é sem tempo!

Fica aqui a sugestão.

De qualquer forma, parabéns aos artistas da construção, que elevaram esse elegante gigante aos céus da cidade cinza.

Mais uma atração turística para quem para cá se deslocar.

E sejam todos muito bem vindos!