Quanto custa um filho?

Em edição recente, a revista Veja orçou a educação de um filho, do berço à saída da Faculdade, em R$ 1,6 milhões. Há comentários de leitores para todos os gostos. Logicamente que estamos pensando num adolescente que investe mais em livros que em cerveja ou afins, em cursinhos e equipes de estudo e pesquisa, mais que em sexo e drogas. Alguém completou: e que fez só um período de cursinho, passando da primeira vez no vestibular.

Pessoalmente, creio que vai muito além daquele valor. Dependendo da matéria em que se formou, o emprego não é imediatamente após. Direito requer exame da OAB, isto é, a Ordem atesta que a faculdade do governo (ou o formando) é deficitária, e se faz preciso umas provas para confirmar que o símbolo maior da educação acadêmica só vale, se a Ordem dos Advogados carimbar o diploma. Ridículo não é tanto ser assim. Patético é o governo, o Mecenas oficial da maioria das faculdades, permitir que assim seja.

Recordei, nem sei porquê, a história da mulher de César. Dela, o grande imperador romano cobrava que não bastava ser “honesta”, tinha de “parecer” honesta. Admitindo esta ótica de raciocínio, até os títulos de pós, de mestrado, de doutorado, são veladas desconfianças do nível de ensino e de aprendizagem dos universitários. A coisa me pareceu um pouco forte demais.

Que tal imaginar, o Sr. Ministro de Educação preocupado menos com seu cartão corporativo de acobertamento de gastos inconfessáveis, debruçando-se sobre as acusações implícitas à sua pasta? Muita coisa seria mudada urgentemente.

Sou muito levado a pensar uma alternativa nova. O que foi falado, é público e notório. Não se corrige, não é por não saber, que é assim; mas por que não se quer corrigir.

Desde o início, estou querendo abordar é o retorno que o grande investidor recebe pelo carinho investido nos filhos. Muitas vezes, formar dois, três ou quatro filhos envelhece e empobrece os genitores. Será que os filhos formados, se preocupam com algum tipo de retorno a seus pais? Sei de pais que continuam morando naquela casinha do início de vida, enquanto os filhos, cada um deles, têm vários imóveis, seja no sertão, na praia, na serra, na capital; filhos mudam de carro, aliás, de carros, pois existe o da mulher, dos netos, enquanto o pai continua com aquele! Revoltante é a justificativa egoística dos filhos:

- Ah! Meu pai adora aquele bairro, não aceita falar em mudar daquela casa antiga ou ficar sem a “furreca” barulhenta.

E quanto ao carinho puro e simples... Se há uma pessoa superada, birrenta, resmungona, teimosa, todos lhe apontam o dedo. Inclusive, na frente dos netos.

Vou até lhes confidenciar uma confissão que ouvi de um casal, cujos membros foram magníficos pais e mães:

- Dói muito!

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