Valores, entre o discurso e a prática.
O discurso sobre comportamento e atitude nasce das mais variadas fontes de reflexões, desde o contexto das filosofias humanistas ao contexto da reflexão da teoria comportamental proveniente do impacto teológico sobre os da fé. Neste aspecto encontra-se uma convergência entre os que crêem e aqueles que advogam apenas os valores, desprovidos da possibilidade religiosa. Mas a demanda é a mesma, bem como a conclusão: Precisamos e podemos ser melhores do que aquilo que temos sido.
Na realidade, o ser humano depara-se na pós-modernidade com a conhecida crise do ser, basicamente estabelecida na pressão do ter e algumas vezes estabelecemos o ter como valor maior do que o Ser quando pretendemos valorizar ou imitar comportamentos. Em assim sendo, chegamos a confundir os valores reais, ao ponto de elogiar o traficante que beneficia a favela em que mora com as benfeitorias que a sociedade governante deveria prover, não importando se para estabelecer tal influencia na comunidade, os “benfeitores” armados roubem, matem, e coloquem a vizinhança em risco potencial.
Tal não acontece apenas nas favelas, mas, na sociedade comum. Somos capazes de votar e elogiar os políticos que de alguma maneira, nos prestam favores, sem, contudo observarmos as suas falcatruas e improbidades administrativas. Se fizer o bem para nós e nos conduzir a termos algo que precisamos, não importará se fizer coisas que, em longo prazo, imergirão a todos em anos e anos de pressão financeira e acertos administrativos. Foi desta forma que a famigerada dívida externa brasileira se originou e atrasou o desenvolvimento da nação em décadas.
Em todas as esferas podemos ser pessoas que na sua atitude e comportamento valorizem mais o possuir do que o ser. No ambiente religioso alguns setores valorizam o “faça o que eu falo, mas não o que eu faço” como sua filosofia de fé e ação. Dentro do próprio ambiente evangélico quantas vezes deixamos de buscar estabelecer os valores éticos e de caráter como referência, ambientes estes em que a prosperidade vale mais do que o testemunho pessoal de vida.
Gerações estão em conflito de valores. Crianças, adolescentes e jovens procuram modelos, referenciais, um “norte” para a sua atitude de vida, e o que têm encontrado? Onde têm encontrado? Na babá eletrônica, na televisão? Nos pais que discutem a guarda dos filhos mais preocupados com a pensão a pagar do que com os seres envolvidos na questão? Na violência social gratuita? No competitivismo pós-moderno que nos torna, em potencial, predadores do espaço e das oportunidades alheias?
Em linhas gerais fazemos aquilo que valorizamos e valorizamos aquilo que admiramos. Nesta perspectiva precisamos cada um de nós, revermos os conceitos e valores pessoais e alinhá-los ao que poderíamos chamar de valores reais. Uma boa lida no Sermão da Montanha proferido por Jesus pode servir de parâmetro para o estabelecimento destes valores que podem impactar positivamente a nossa geração e melhorar o dia a dia de cada um de nós.
Dizem por aí que nós, os crentes insistimos demasiadamente em que as pessoas aceitem a Jesus como seu Salvador. E isto é verdade mesmo, porque cremos que os valores por Ele estabelecidos se constituem na opção exata para uma geração que perdeu sua bússola e precisa retomar urgentemente o seu rumo, a fim de não naufragar ao chocar-se com os “icebergs” da existência.