"QUEM GOSTA DE MISÉRIA...É INTELECTUAL!"
Quem costuma acompanhar meus textos, já deve ter percebido que tenho um espírito crítico, um pensamento acelerado, e um ceticismo transparente, embora seja alguém de forte espiritualidade.
E conforme cumpro meu tempo por aqui, vou acreditando cada vez mais, que estamos em missão de provações, e talvez a maior delas nos seja olhar,enxergar, sentir, não entender e muito pouco mudar.
Porque percebo que as mazelas... fazem parte não só do nosso mundo.
Quando mais pensamos e acreditamos saber, mais nos distanciamos dos mistérios, e a nós, meros humanos, é o que nos basta: Ser,estar, aceitar e acreditar.
Quando ocorre algo no mundo social ou político, como o que vem ocorrendo nos bastidores do nosso entorno, sinceramente chego a desanimar.
Trabalho com pessoas, e não é possível fechar os olhos à realidade social que se apresenta sob os nossos narizes.
Somos uma nação relativamente nova, é verdade, mas percebo que a despeito de toda a intelectualidade das ciências socias e políticas tão cantadas por aí, de todos os líderes capacitados que já passaram pela nossa história, de todos os gritos da sociedade e de quase meio século de vida que já cumpri por aqui, muito pouco se caminhou socialmente e eu, assuto-me com a virada por completo dos valores que sempre acreditei serem primordiais à dignidade da nossa condição humana.
Talvez o que tenha mudado realmente seja a aceitação do pensamento, e o poder de manifestá-lo. Assim espero.
Chego a acreditar que a certas notícias talvez fosse melhor ignorá-las porque a inconsciência realmente faz das pessoas, se não mais felizes, ao menos seres mais esperançosos.
Vivemos num país maravilhoso: De raras belezas naturais, dum solo fértil, de poucas mazelas históricas. Um povo dócil.
Porém, de grande desigualdade social, muito falada, lamentada, gritada nos comícios... mas apenas explorada histórica e politicamente.
Temos uma altíssima carga tributaria do trabalho, que não reverte socialmente.
Pagamos politributos e não temos a tranquilidade de optar pelo que é público.
Os que estudaram são tidos como privilegiados, e embora não reconhecidos por salários, pagam a conta de tudo, afinal, conseguem alimentar-se tres vezes por dia.
Mas é bom que se diga, que os que tocam o país, pensam duas vezes antes de se atolarem nos cartões de crédito.Porque com toda certeza, TERÃO que pagar pelo desfalque no seu orçamento doméstico, sob pena de perderem o crédito ou de terem o nome no SERASA.
Assumirão honestamente o seu compromisso financiando a dívida, ou esperando o décimo terciero salário, ou devolvendo o que compraram e não puderam pagar.
Porque quem trabalha sabe o valor do dinheiro.
Sabe o quanto é difícil sair de casa às cinco horas da manhã e não poder contar com um transporte digno para os seus ossos!
Sabe o quanto é difícil trabalhar a jornada toda e ter que bancar a sua marmita do dia a dia.
Sabe o quanto é difícil voltar para casa estourado, naquele mesmo comboio de seres entulhados num coletivo ou num metrô,sem tempo algum para dedicar-se à família.
Sabe o quanto é difícil chegar vivo em casa ao escapar de toda violência das cidades grandes.
Sabe o quanto é artístico sobreviver dum salário-mínimo para sustentar minimamente o lar.
Sabe o quanto é difícil não ter professores para os filhos e médicos suficientes no posto de saúde.
Sabe o quanto é difícil enfrentar a previdência quando está impossibilitado de trabalhar.
Sabe o quanto é impossível existir sem prespectiva.
Mas também começa a enxergar...que existe uma saída .
Aquela que se alcança com a inversão dos valores na arte de fazer políticagem! De fazer proselitismo...e fisiologismo.
A saída é retrosceder naquilo que o enobrece como cidadão, para tornar-se um representante da pseudo- cidadania, politica e legitimamente diplomado pelas urnas da ambição "profissional' daqueles que , em se tornando representantes do "seu' povo, tudo podem!
E a nada respondem!
Representantes da vontade e da ingenuidade da grande massa popular dos muitos que não têm o necessário discernimento.
Porque discernir também é uma conquista social! É um verbo que necessita de investimento. Do investimento que nunca chega.
Porque fortalecer uma nação na cidadania, implica em constante auto-observância política.
Então, é asim que caminhamos.
Pela vida... que deveria ter um único sentido: o da real existência enquanto sociedade civilmente organizada.
Mas há que se escolher muito bem as direções!
Sob a esperteza e o maquiavelismo histórico de muitos, somos lesados e ridicularizados todos os dias.
Somos zombados da nossa capacidade de sentir, de analisar, de compreender, de gritar...de sermos cidadãos.
Somos informados pelas redes da Net que finaciamos extremos "luxos" a quem tem a bandeira da igualdade social nas mãos...
Num país que reclama a CPMF para a saúde e previdência, mas que distribui crédito com dinheiro público para a compra de aparelhos de fitness.Enquanto aumentamos nossa massa muscular "política", perdemos drasticamente a nossa massa "encefálica".
É só por isso que aceitamos e ainda batemos palmas.
Jõazinho Trinta estava mais que certo: Esqueçam os discursos, porque "quem gosta de miséria...é intelectual".