Existencialmente essencial...
Existencialmente essencial...
“O homem que vê mal vê sempre menos do que aquilo que há
para ver; o homem que ouve mal ouve sempre algo mais do que
aquilo que há para ouvir". ( Nietzsche )
A Filosofia não é um bicho de sete cabeças, há quem filosofe sem
o saber.Ao contrário de que alguns pensem, filósofo não é sábio e,
sim quem busque pela verdade, e a sabedoria, o que é verdade?
O que sabedoria?
Que cada um busque suas próprias respostas em seus questionamentos,
os filósofos com suas lamparinas a perseguiram e iluminam discretamente,
os caminhos obscuros da existência humana, são como infantes que
arriscam-se nas aventuras e desventuras do pensar as afetações e o mundo que nos cerca,em tentativas do melhor viver e conviver, explicar os enigmas da natureza a qual pertencemos...
Entre os que se dedicam e dedicaram-se à Filosofia há poetas, psicólogos,escritores autores de novelas... Há escritores não filósofos de profissão,entretanto contadores e criadores de histórias*, fabulas que convidam à reflexões sobre ética, moral, estéticas de caráter filosófico no leitor.
A literatura é rica em tais exemplos.
Existe na criança um adulto assim como um aspecto, no bom sentido,
infantil nos adultos ,uma parte ávida em conhecer e questionar,aberta à aprendizagem.
Quão afável é aprender ludicamente, ouvindo e contando histórias!
As crianças adoram que se repita inúmeras vezes a mesma estória...
Talvez , a nós adultos também seja útil o hábito de reler e, por que
não reler as Fábulas ? Estas que como os Mitos e as Parábolas remetem a reflexões de questões humanas, vividas no cotidiano.
Quem não lembra das Fábulas de La Fontaine que visavam instruir
os homens utilizando-se de personagens do reino animal. Este poeta francês,por volta de 1670 veio tornar-se mundialmente conhecido pela releitura das Fábulas de Esopo, grego que viveu na Grécia no séc VI a. C e, Fedro (Romano século I d.C),transformando-as em poemas e,vindo a compor as suas próprias.
Existem fábulas lindas de origem hindu, chinesa,ou seja,narrativas que utilizam animais e plantas para reflexões morais, éticas e, sobretudo filosóficas ...
Nosso espetacular Nelson Rodrigues salientou a importância de releituras. Reler mitos, me agrada muito, reler poemas e Poetas,
reler-me até numa atitude investigativa de mim mesma, reconhecer
e acolher meus próprios enigmas...
Afinal algo oculta-se nos ditos...Como parte da natureza que gosta de se esconder (Heráclito) também desvendamos sombras, restos de nosso inconsciente, ocultos sob o expresso, inconfessáveis...
"Para muitos, pensar e escrever é uma tarefa fastiosa. Para mim, nos meus dias felizes, uma festa e uma orgia." (Nietzsche)
A literatura dita, infanto-juvenil, é muito rica em questões filosóficas, temos um exemplo no filósofo mirim, personagem de "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, que questionando tudo ao
seu redor com atenção aos detalhes, despercebidos pelos olhares demasiadamente viciados que banalizam as estranhezas, e incapacitados de assombrar-se com o “milagre” que é existência
e a condição humana diante o todo e a finitude ...
Entre os filósofos Martin Heidegger* e J. P. Sartre
o leram e suas impressões foram de que esta obra proporciona alívio ao sentimento de solidão além de levam a compreensão de alguns mistérios que nos atormentam.
Escrever e ler são próprios daqueles amantes da privacidade povoada... Há um traço em comum entre leitor e escritor, entre artistas, cientistas, filósofos construtores de subjetividade que passam a influenciar o mundo objetivo, as maneiras de olhar...
Um distanciamento que areja, contribui na amplitude dos ritmos respiratórios, nas transpirações e inspirações...Uma dose de espaço para alçar-se em vôos da imaginação e mergulhos introspectivos...
Jean-Michel Quinidoz, Psicanalista francês, autor da importante obra, A Solidão Domesticada - a angústia de separação em psicanálise , Ed.Artes Médicas, perfaz o caminho do aviador solitário e seu encontro com O Pequeno Principezinho de Saint-Exupéry . -“ O que quer dizer Cativar ?”
- “ È uma coisa muito esquecida , diz a raposa. Significa “ criar laços “
– “ Criar Laços ? “. Assim já na dedicatória o autor introduz o tema e nos seduz a leitura não tão leve sobre a angústia da separação.
Lamentável que Saint-Exupéry já não seja tão recomendado aqui no Brasil, terra por onde esteve de passagem, deixando suas pegadas nas areias de Florianópolis, mas estas são outras histórias...
Como disse a raposa na despedida?...
...“ por causa da cor do trigo”... A gente resiste ...
afetuosamente, virgínia- além mar poeta 31 jan 08