INCLUSÃO ESCOLAR: UMA REALIDADE FANTASIOSA
( Quando o preconceito silencia as vozes...)
Há tempos que pretendia escrever sobre o assunto.
Não atuo na área da educação, porém a minha pretensão decorre do fato de que no decorrer da vida pessoal e profissional, e também pela nossa condição de pais, vez ou outra nos deparamos com a dificuldade que os familiares de crianças especiais encontram para os devidos acolhimento e inclusão de seus filhos no ambiente escolar.
Aqui falo apenas como alguém que vivenciou alguns casos bem de perto, bem como a angústia dos pais que partiram para a difícil batalha de incluírem seus filhos dentro do que se conceitua “normalidade”.
A inclusão escolar, em última e resumida análise, consiste num conjunto de medidas e métodos didáticos, pedagógicos e sociais que visam integrar as crianças “diferentes” no contexto do aprendizado escolar.
Muito se fala sobre a inclusão.
Eu mesma não sabia que o assunto já circula por várias páginas da internet, nas quais as pessoas são “acolhidas ‘ e informadas sobre o ‘caminho das pedras”, quando deparadas com a tal necessidade.
E haja pedras a serem percorridas...
Talvez eu esteja sendo cética demais, porém foi exatamente assim que senti, quando vivenciei o problema de perto.
Caminha-se à procura de algo que estamos muito distante de realizar...a contento.
Embora “incluir” pareça algo óbvio,necessário e humanitário, não se trata dum procedimento tão simples, posto que é um trabalho de integração MULTIDISCIPLINAR inclusive interligado à família e que necessita de pedagogos especializados, e mais que isso, “treinados” dentro duma “ótica visionária”, de vanguarda, que demanda tempo e alta sensibilidade para a percepção das necessidades primordiais da “criança diferente”.
Incluir não é um ato “de massa”.
É ANTES DE MAIS NADA UM ATO DE ATENÇÃO, CARINHO E MUITA DEDICAÇÃO. E DE EXTREMA COMPETÊNCIA!
O que aprendi é que muito se fala, mas muito pouco se faz!
Conclui que não poderia ser diferente, embora deveria!
Se a nossa crise na educação atinge os setores mais básicos da estrutura educacional, é óbvio que o sistema NÃO ESTARIA PREPARADO MINIMAMENTE para a inclusão escolar, algo bem mais complexo,A problemática é lógica.
O que presenciei, foram técnicos em educação “diagnosticando” e encaminhando situações diferentes, desestabilizando emocionalmente os pais que freqüentemente são chamados à escola, para serem informados do que já sabem; e as instituições assumirem a impossibilidade de continuar com os alunos.
Porém tal impossibilidade é sempre “assumida” de forma velada, fazendo com que os pais acabem por desistir da instituição escolar.
E vale dizer que tais atitudes muitas vezes partem de escolas padrões, muito bem pagas e “estruturadas”, tidas como de alto nível, numa das maiores cidades do mundo.
Uma escola tem que estar estimulada e preparada para desafios.
Alfabetizar, preparar, educar e formar àqueles que fluem sem dificuldades não é desafio algum.
E uma criança especial é um maravilhoso desafio!
Como deve ser gratificante explorar e desenvolver o potencial dessas crianças, estimulá-las, respeitar o seu tempo, o seu ritmo , e delas extrair o seu melhor, pra incluí-las não apenas no meio escolar, mas na sociedade, influenciando no seu destino...
Inclusão é um dever do sistema e um direito da criança.
Não é um ato de “caridade” do Estado. É um ato de amor.Amor à arte de educar, no sentido mais amplo que o vocábulo “educação” possa denotar.
Porem não é exatamente essa a sensação que os pais têm, quando inseridos na saga da inclusão.
É triste perceber que a maioria se sente muito perdida, e com muitas portas fechadas pelo total despreparo daqueles que dizem “incluir”. A luta é extremamente solitária.
A solução é óbvia. A resolução é difícil.
Depende de quem tem o poder e o discernimento nas mãos, e da sociedade que deveria gritar mais pelo que lhe é de direito.