Beijo técnico
Na entrevista, o charmoso ator — ao responder à pergunta saia-justa sobre o beijo caliente e um possível algo mais entre ele e a bela e sensual atriz com quem contracenara na novela das nove — passou o jogo todo dentro das quatro linhas da atuação puramente profissional. Eis que aos 45 do segundo tempo chuta o pau da barraca, ao revelar que “só depois do último capítulo do folhetim” vieram a se apaixonar (na vida real). Eu estava até me sensibilizando com a narrativa profissional do cara, e de repente… pah! Desaba o castelo de cartas.
No fundo, e no raso, é tudo igual. Sem essa de beijo técnico; se há química há envolvimento. O contato da pele, o cheiro, o gosto mandam pro espaço o faz de conta inicial. Não por acaso, muitos atores vivem mudando de parceiros na vida real, ao sabor dos filmes e novelas em que atuam. É a pele falando mais alto que as “convicções” interiores; a tentação do novo, a vontade incontida de experimentar algo diferente, turbinada pelos espaços vazios, pelas frustrações do ser que ainda não se encontrou. O velho sentimento de incompletude da alma humana, que tantos buscam preencher com o novo que de repente vira o mesmo e fica velho. E novas possibilidades e experiências se apresentam sob o véu (ilusório) do “agora é pra valer, agora vai!”.
A arte segue imitando a vida, que imita a arte. Ficção ou realidade?…