Morreu a Esperança...
Morreu a esperança...
Um mal súbito, caiu e morreu...
Nem precisou de atendimento!
Ficou lá, no chão, estendida, esticada...
...um lençol por cima, sabe-se lá de onde veio, e um toco de vela, destes que sobram numa noite que a luz vem a faltar!
E lá estava, já finada, a Esperança...
Foi-se...
Com seus sonhos, sonhos não só dela...
Com seus desejos, desejos não só dela...
Com seus princípios, princípios não só dela...
Se foi...
E a tudo, de si e de todos, levou!
Chegou o rabecão...
E em vez de levarem a Esperança, resolveram cavar ali mesmo, e a enterrar ali, onde caiu, onde morreu...
Quebraram o cimento...
Cavaram o buraco...
E pra dentro empurraram a Esperança!
Sem reza, sem discurso, sem oração...
...apenas a jogaram num buraco, cobriram de terra e voltaram a cimentar o chão!
Morreu a Esperança, ali naquele lugar...
Morreu a Esperança, ali ficou...
Morreu a Esperança, ali foi enterrada...
Morreu a Esperança, ali foi cimentada...
E no cimento que cobre...
Cobre a cova da Esperança..
Sobre este cimento se ergueu um circo...
Um circo que se montou em cima da Esperança!
Um circo no qual as feras, os mágicos e os palhaços fazem seus shows em cima da cova da Esperança...
Esperança morreu...
Esperança foi sepultada...
Esperança está sendo tripudiada...
Mal sabem eles...
Que Esperança se foi, mas antes de ir...
...muito pariu!
E logo veremos eles, os filhos da Esperança, a plantarem suas sementes nos corações de todos nós...
E o circo vai minguar, vai falir, vai morrer...
E será o circo enterrado...
Também num qualquer buraco, num buraco qualquer...
E será também cimentado para nunca mais ser lembrado...
E os paridos pelo circo, ainda que vivos, pelos paridos da Esperança, no cimento, serão sepultados!