Maya É Ilusão?
INTRODUÇÃO
Tenho como projeto deste ano de 2025, escrever sobre o filme “Matrix”.
Enquanto, mais uma vez, assistia ao filme, entendi a necessidade de preparar, embasar o texto sobre o filme “Matrix”, com outros três artigos: Este, “Maya é Ilusão?”, “Mundo Perceptível e Mundo Oculto”; e “Mito da Caverna de Platão”.
Justifica-se essa necessidade, devido à abordagem que dar-se-á ao texto sobre o filme e pela temática contida nesses três, estar relacionada aos mundos: o relativo, percebido pelos homens e o absoluto, real – a realidade.
Maya é conceito hindu e tem várias intepretações. Entretanto, a maior diferença entre essas interpretações está em um grupo delas considerar como ilusão o mundo percebido pelos homens.
Decidiu-se escolher a outra vertente com entendimento divergente que, para seu desenvolvimento, julgou-se indispensável, incluir algumas noções da filosofia hindu.
Para o desenvolvimento sobre Maya, julgou-se como eficaz o texto ser assim organizado: Conceitos Relevantes; Noções da Filosofia Hindu; Significado de Maya;
CONCEITOS RELEVANTES
Essência
Aquilo que é o mais básico, o mais central, a mais importante característica de um ser ou de algo.
É aquilo que é indissociável, nos distingue e define quem somos. Está relacionada à espiritualidade.
No esoterismo, o que é permanente. imperceptível aquilo que se manifesta.
Forma
Configuração física característica dos seres e das coisas, como decorrência da estruturação das suas partes.
No esoterismo, constitui o como se apresenta a essência manifestada, impermanente e perceptível.
Mundo Material:
O mundo físico, composto por objetos tangíveis e perceptíveis pelos sentidos do homem.
Realidade
A existência objetiva das coisas, independentemente da percepção individual.
NOÇÕES DA FILOSOFIA HINDU
A filosofia hindu ensina, que a realidade última está além da percepção sensorial. O mundo material é considerado temporário e em constante mudança, enquanto a verdadeira essência da existência está além do mundo físico.
O mundo material é percebido como uma manifestação temporária de uma realidade mais profunda e transcendente. Existem diferentes níveis de realidade e a busca espiritual visa alcançar a verdade última, muito além da percepção sensorial.
A filosofia hindu mobiliza , convida a questionar as aparências para buscar a verdade por trás do véu ilusório e desvendar os mistérios da existência.
A filosofia hindu acredita que a vida tem um propósito e busca compreendê-lo. Segundo a visão hindu, o propósito da vida é alcançar a libertação do ciclo de nascimento e morte, e religar-se ao divino – iluminar-se. A vida é vista como uma oportunidade para crescimento espiritual e busca da verdade última.
A filosofia hindu, também, enfatiza a interconexão de todas as coisas, ensinando que tudo no universo está interligado e interdependente. Embora seja uma visão de mundo complexa e profunda, a filosofia hindu oferece uma perspectiva única sobre a natureza da realidade e o propósito da vida.
SIGNIFICADO DE MAYA
Dentro da filosofia hindu, existem diferentes escolas de pensamento, que abordam o conceito de Maya de maneiras distintas. Algumas escolas enfatizam, que tudo é uma ilusão completa e nada tem uma existência real, enquanto outras afirmam, que há uma realidade relativa, temporária e impermanente, manifestação de outra absoluta, permanente.
Entendeu-se que, dentro da alternativa escolhida, para significar Maya ter-se-ia, no mínimo: abordar o termo; registrar uma anedota, que crítica o entendimento da corrente de pensamento contrária – “O Elefante Faminto”; registrar uma narrativa, (enquadrada como parábola) que se títulou “Parábola do Ouro”.
O Termo Maya
Dicionário Informal - Relativo ao mundo sensorial que pode levar à ilusão e a prisão de alguém ao mundo material.
Dicionário Sânscrito - “sabedoria”, “poder extraordinário”; “truque de mágica”, “feitiçaria”, “fantasma”, algo falso ou irreal e manifestações da Deusa.
A palavra “māyā” se traduz frequentemente como “ilusão”. Porém, assim não deveríamos fazer, pois nunca foi utilizada nesse sentido, pelos mestres tradicionais e nunca apareceu dessa forma nas escrituras.
“Elefante Faminto” – Ironia à Corrente de Pensamento Contrário
Um yogi vivia numa densa floresta com seus discípulos.
Ensinava o desapego e repetia incessantemente para os estudantes, que o mundo manifestado é “māyā“, pura ilusão, que a natureza é uma miragem e que somente o Ser tem existência real.
Certo dia, um elefante furioso e faminto atacou a ermida, onde eles moravam.
Todos os discípulos, junto com o professor, se refugiaram no alto de uma grande árvore, enquanto o elefante se refestelava no estoque de arroz dos ermitãos.
Quando o animal foi embora, um estudante perspicaz perguntou ao mestre:
“Sempre aprendemos de você que o mundo é ilusório e que não tem existência real, mas não pude deixar de observar, que você se refugiou, junto conosco, no alto da árvore”.
“Se de fato o mundo é ilusório, não bastaria ter ficado quieto, enquanto àquela ilusão de elefante furioso e faminto, desaparecesse”?
O mestre, sem perder a pose, respondeu: “Olha, nós sabemos que o mundo é uma ilusão, mas o elefante não sabe. Por isso, tive que fugir junto com vocês”.
“Parábola do Ouro”
Aqui considera-se a questão essência-forma e faz-se reflexão sobre o ouro e as joias de ouro.
Uma pulseira de ouro é essencialmente igual a um colar ou a um anel de ouro, no sentido que todas as joias são somente ouro, sob formas distintas.
Objetivamente, não existem pulseiras, colares ou anéis, o relativo, a forma, aquilo que muda, impermanente, mas, somente, o ouro, a essência, o real, imutável, da qual as joias são produzidas.
Aquilo que chamamos pulseira, colar ou anel, é maya, o relativo aquilo que muda. O ouro é a essência, da qual as joias estão feitas. Objetivamente falando, as joias não existem, mas somente ouro. Entretanto, não podemos afirmar que as joias sejam ilusórias ou inexistentes.
Chamemos essa essência imutável de Realidade (não manifestado), então Maya, não é algo inexistente, não é uma ilusão, ou algo irreal. Tem existência relativa dependente da realidade absoluta
Portanto, o ouro é o absoluto, e a joia é o relativo. O que é o real, então? O ouro.
O peso de uma pulseira não pode ser separado do peso do ouro com o qual ela está feita. A textura da pulseira é a textura do ouro. A pulseira não está no ouro. A pulseira é ouro. A realidade da pulseira é ser ouro.
Compreendendo a natureza do ouro, constatamos que as eventuais formas, em joias que ele possa assumir, não fazem parte dessa natureza. Por isso, se reconhece independentemente da forma que este assuma. O ouro transcende as joias. A essência transcende as formas.
Compreendendo que o ouro transcende todas as joias, reconhece-se sob qualquer joia. Analogamente se reconhece a essência sob qualquer forma.
Não se precisa negar as joias, para afirmar o ouro. Não se precisa negar aquilo que é relativo, a forma, para afirmar a existência do absoluto, a essência. Não precisamos negar Maya para afirmar a existência da Realidade.
Maya é tudo aquilo que possui uma forma, que exerce uma função na criação, que é útil. Está intimamente relacionada ao mundo manifestado em formas, ou ao sétimo plano da natureza denominado pela “Ciência Iniciática das Idades”, como “Plano Físico Cósmico”.
Maya não nega a existência do mundo material, mas questiona sobre sua realidade última.
Maya implica na ilusão que leva a acreditar, que o mundo material é a única realidade, que faz ver as coisas como separadas e distintas, quando na verdade tudo está interligado.
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE “MAYA”
Supor que Maya, que é o próprio universo manifestado, possa ser uma ilusão, nos leva a olhar para a vida e todas suas manifestações como algo irreal, o que é um engano.
É mais eficiente dizer que a essa realidade relativa é dinâmica, que ela muda, que é cíclica, e, portanto, impermanente em seus efeitos externos. Nossa realidade é consistente, no entanto, relativa e dentro dos seus próprios ciclos de evolução
Ao se reconhecer que o mundo material não é a única realidade e que se está preso em uma realidade relativa, pode-se buscar a realidade absoluta, a verdadeira natureza da existência. Ao se compreender a ilusão de Maya, podemos abrir caminho para uma compreensão mais profunda de realidade e buscar a libertação espiritual.
A compreensão de Maya instiga ao questionamento das aparências. Lembra que o mundo material é apenas uma pequena parte de um todo maior e que há muito mais do que nossos sentidos podem perceber. Convida à busca da essência através das formas, da verdade por trás do véu ilusório.
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FONTES
dicionarioinformal.com.br; escolayogamaya.com.br; filosofiaesoterica.com; e yoga.pro.br;
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