As duas fases do movimento “woke”
Os primórdios do termo “woke”, conforme usado por William Melvin Kelley nos anos 1960, tinham um caráter mais popular e menos fundamentado em teorias filosóficas acadêmicas. O uso original do termo estava ligado à conscientização sobre injustiças raciais e à necessidade de vigilância contra a opressão (stay woke – fique acordado), especialmente no contexto da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Era um conceito mais pragmático, voltado para a experiência cotidiana da comunidade negra.
O ressurgimento do “woke” no século XXI, especialmente com o movimento Black Lives Matter (BLM), passou a incorporar conceitos acadêmicos mais sofisticados, especialmente da Justiça Social Crítica. Essa nova concepção teórica inclui elementos da Teoria Crítica, interseccionalidade, pós-colonialismo e pós-estruturalismo, fornecendo uma base filosófica mais densa para a análise das desigualdades sistêmicas e dessa forma com um “tempero” convidativo para penetrar nas universidades.
Enquanto o woke original estava mais próximo de um chamado prático à consciência racial e política, sua versão contemporânea está mais embasada em teorias acadêmicas sobre opressão, poder e justiça social.
Com o componente chamado Teoria Crítica, um dos principais fundamentos do neomarxismo, os ativistas “woke” se veem na missão de revirar até as pedras dos quintais a procura de tatuzinhos vivendo em situação de “opressão” e adotá-los como seus “protegidos”.
Sob a “cultura woke” não podemos nem perguntar a um estrangeiro “de onde você vem?”, porque essa frase contem elementos do “racismo estrutural”, então implicitamente diremos para o pobre estrangeiro, “você não é daqui” e por inevitável consequência “você não é bem-vindo, vá embora”.