Um político honroso

Segundo o livro “Introdução a Filosofia” de Arruda Aranha, a política é a atividade que diz respeito à vida pública. Etimologicamente Pólis em Grego significa cidade e a política é, portanto, a arte de governar, de gerir os destinos da cidade. O homem político é aquele que atua na vida pública investido de poder para imprimir determinado rumo à sociedade tendo em vista o interesse comum.

Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) na imortal obra ”O Príncipe” elenca os estratagemas necessários ao governante para ele se manter no poder descortinando a idéia do bom homem público voltado para o bem comum. Pois para ele o homem só é bom se for por interesse e diz ainda: “O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio”.

Maquiavel faz, genialmente, uma lúcida análise da conduta política dos homens públicos não só do seu tempo, mas também nos tempos vindouros. Pois hoje em dia não faltam exemplos de manobras políticas que se desvirtuam da idéia do bem comum.

Porém sobram teorias filosóficas e esforços de consolidação de uma justiça social para todos. Teorias que perdem efetivação prática por estarem inseridas num contexto relacional humano frívolo, fútil e materialista. Pois a idéia do coletivismo, na maioria das vezes, serve apenas de jargão para a obtenção de poder público, e não como uma forma ideológica interiorizada pelo ser humano.

Um político honroso de verdade deveria trocar sua imunidade parlamentar por um simples juramento interno:

“Se para a sociedade a qual represento eu for um câncer, ofereço minha jugular à ponta de minha adaga”.

Será vã qualquer forma de revolução contra a estruturação política se não houver uma revolução na estrutura intelectual que rege o ser humano. Do contrário, terá Maquiavel absoluta razão quando diz que para revolver os problemas da conduta política do homem, é necessário enforcar o último rei com a tripa do último sacerdote.