A " Louca" da Fátima

Fátima, 25 anos, negra e pobre, passou a viver em um abrigo após a mãe perder sua guarda aos 11 anos.

Afirma que nunca conseguiu ler nem escrever e foi encaminhada à Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) por causa dessa dificuldade.

Frequentou essa instituição até ser internada no manicômio.

Não se recorda quantos anos tinha quando foi mandada para o hospital, mas se lembra que ainda era criança, tendo ficado, aproximadamente, 15 anos internada.

Eu não sabia ler, e nem escrever, mandaram eu pra lá, eu queria aprendê, a professora me acusou, dizia que eu era louca, que eu tinha passado fezes na parede, eu não tinha feito nada, fui pro hospital e o juiz falou que eu ia ser moradora. (Fátima).

De acordo com seu prontuário, Fátima tem 25 anos, foi encaminhada para a instituição de acolhimento – “abrigo” – desde os 11 anos de idade, pois os pais realizavam uso abusivo de bebida alcoólica, além de haver uma suspeita de tentativa de abuso sexual por parte de seu pai.

Em 2005, foi transferida para o manicômio devido às crises de agressividade.

De acordo com seu prontuário: Recebeu alta, mas foi impedida de retornar ao abrigo devido o mesmo acolher crianças até os 12 anos,

Fátima tinha passado desta idade.

Assim permaneceu internada, como moradora do Hospital Mental até 23.07.2014.

Com o advento do TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, esta foi transferida para o Pólo de Desinstitucionalização, onde conheceu seu atual companheiro.

Tem em seu prontuário a hipótese diagnóstica de “Retardo mental leve”.

Fátima carrega desde a infância um histórico de institucionalização.

Cabe ressaltar que o motivo que a levou a permanecer enquanto “moradora” do manicômio foi o fato de a instituição de acolhimento não receber mais crianças na sua faixa etária.

Will Juiz
Enviado por Will Juiz em 17/12/2024
Código do texto: T8221316
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