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Promoções e Relações Pessoais: Impactos na Cultura Organizacional e Desempenho Corporativo

 

23 de outubro de 2024

 

Introdução

A promoção de funcionários dentro de uma organização deve seguir critérios claros, baseados em desempenho, competências e qualificações. No entanto, quando promoções são motivadas por relações pessoais, favoritismo ou outros fatores não meritocráticos, isso pode prejudicar a cultura organizacional, afetar a motivação dos colaboradores e impactar negativamente os resultados da empresa. Este artigo discute os impactos das promoções baseadas em relações pessoais, com um estudo de caso para ilustrar o tema.

 

Referência Teórica

De acordo com Pfeffer e Sutton (2006), no livro "Hard Facts, Dangerous Half-Truths, and Total Nonsense: Profiting from Evidence-Based Management", as decisões de gestão baseadas em intuições pessoais ou relações não alinhadas com evidências claras podem causar sérios danos à organização. As promoções baseadas em favoritismo podem não apenas desmotivar funcionários, mas também gerar insatisfação, alta rotatividade e, em última instância, comprometer o desempenho organizacional.

Além disso, Noe et al. (2019), em "Fundamentals of Human Resource Management", destacam que uma gestão de recursos humanos justa, com promoções baseadas em meritocracia e avaliações objetivas, promove um ambiente de trabalho positivo, aumenta a retenção de talentos e melhora os níveis de produtividade.

 

Estudo de Caso: Promoção de Assistente Administrativo para Encarregado

Contexto

Em uma empresa de médio porte, localizado em uma cidade do interior, um jovem de 21 anos, ocupando o cargo de assistente administrativo, foi promovido diretamente para encarregado de manutenção, um cargo que demanda competências de liderança e experiência técnica. No entanto, foi descoberto posteriormente que a coordenadora de RH, responsável pela promoção, tinha um relacionamento pessoal com o colaborador promovido.

 

Problema Identificado

A promoção gerou insatisfação entre a equipe de manutenção, pois o colaborador não possuía as qualificações adequadas para assumir o novo cargo. Ele ainda estava em fase de desenvolvimento, conforme indicado por uma avaliação 360º que classificou seu desempenho como "em desenvolvimento". Além disso, a equipe passou a questionar a imparcialidade das decisões de promoção, gerando um clima de desconfiança em relação à gestão de pessoas.

 

Análise do Caso

Baseando-se no modelo de Gestão Baseada em Evidências (Evidence-Based Management), conforme discutido por Pfeffer e Sutton (2006), é evidente que a promoção desse colaborador foi baseada em um critério subjetivo (relação pessoal), o que levou a uma decisão de gestão inadequada. Segundo Noe et al. (2019), as promoções devem seguir critérios justos e claros, baseados no desempenho e qualificação do funcionário, para que a equipe perceba a justiça do processo.

Consequências

  1. Desmotivação da Equipe: Os outros colaboradores, que esperavam promoções baseadas em meritocracia, ficaram desmotivados ao perceberem que a promoção foi resultado de favoritismo.
  2. Queda de Desempenho: O colaborador promovido para o cargo de encarregado não possuía as habilidades de liderança necessárias, o que gerou falhas na execução das atividades de manutenção, afetando a operação da empresa.
  3. Impacto na Cultura Organizacional: A percepção de favoritismo prejudicou o ambiente de trabalho, reduzindo o engajamento dos colaboradores e aumentando os conflitos internos.

 

Discussão

A promoção com base em relacionamentos pessoais, e não em critérios objetivos, pode gerar inúmeros problemas dentro de uma organização. De acordo com Chiaburu e Harrison (2008), o comportamento desmotivado de colegas de trabalho que percebem injustiça nas promoções pode afetar negativamente o desempenho da equipe como um todo.

Além disso, quando a equipe de liderança não está preparada para seus papéis, isso pode levar a problemas operacionais e à perda de confiança dos colaboradores em relação à gestão, conforme identificado por Kotter (1996) no clássico "Leading Change".

A aplicação de avaliações objetivas, como o modelo 360º, é uma prática recomendada para medir o desempenho e a capacidade de um funcionário, antes de conceder-lhe uma promoção significativa. Nesse caso, o uso do PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) seria uma abordagem mais adequada, permitindo que o colaborador desenvolvesse as habilidades necessárias para um cargo de liderança de forma gradual.

 

Conclusão

Promoções baseadas em relações pessoais, em vez de competências e meritocracia, podem causar danos significativos à cultura organizacional e ao desempenho operacional. Para evitar esse tipo de situação, é essencial que as organizações implementem políticas claras de gestão de talentos, baseadas em avaliações objetivas e práticas de desenvolvimento contínuo.

As promoções devem ser vistas como uma oportunidade para reconhecer o esforço e o talento, mas também para preparar os profissionais para desafios maiores, com o apoio necessário de programas de capacitação e desenvolvimento. No caso da empresa em questão, um plano de desenvolvimento teria sido uma solução mais eficaz para evitar os problemas identificados.

 

Referências

  • Chiaburu, D. S., & Harrison, D. A. (2008). Do peers make the place? Conceptual synthesis and meta-analysis of coworker effects on perceptions, attitudes, OCBs, and performance. Journal of Applied Psychology, 93(5), 1082.
  • Kotter, J. P. (1996). Leading change. Harvard Business Review Press.
  • Noe, R. A., Hollenbeck, J. R., Gerhart, B., & Wright, P. M. (2019). Fundamentals of human resource management. McGraw-Hill Education.
  • Pfeffer, J., & Sutton, R. I. (2006). Hard facts, dangerous half-truths, and total nonsense: Profiting from evidence-based management. Harvard Business Review Press.

 

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"Esta obra é completamente fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é mera coincidência."

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 30/11/2024
Reeditado em 30/11/2024
Código do texto: T8208976
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