Em Nome Da Fê
Eric do Vale
Denomina-se de crente toda e qualquer pessoa que acredita em algo. Tal classificação adquiriu maior estigma no campo da religiosidade para definir alguém pertencente a alguma entidade religiosa cuja fé encontra-se depositada em alguma divindade. E por que apenas os ditos evangélicos detém a exclusividade desse adjetivo?
A resposta mais plausível para esse questionamento corresponde a ideia de esses acreditarem na palavra de Deus. E o catolicismo não está enraizado nos ensinamentos de Jesus Cristo? Por essa razão, pode-se dizer que o termo evangélico é também digno de questionamento, pois o cristianismo, em si, norteia-se pelas Sagradas Escrituras (o Evangelho).
Não é nenhuma novidade dizer que, nos últimos tempos, as igrejas protestantes (como, de fato, são classificadas) vem adquirindo maior força junto à sociedade, chegando ao ponto de monopolizarem o termo cristão.
Desde já, gostaria de esclarecer que respeito todas as religiões e, por isso, não é, e jamais foi, minha pretensão criticar nenhuma dessas; no entanto, é impossível não se indignar como, ultimamente, a religião, de um modo geral, vem sendo utilizada pela humanidade. Seja por aqueles que se valem dela para proveito próprio ou como forma de padrões comportamentais.
É sabido que o Brasil é um país laico, como pode ser comprovado no inciso VI do artigo 5º da Constituição Federal. Garantindo, desse modo, a liberdade de consciência e crença, bem como o exercício de cultos religiosos. Por essa razão, nenhum cidadão poderá sofrer qualquer privação, em detrimento de sua crença religiosa, conforme encontra-se estabelecido no inciso VIII, também do artigo 5º., da nossa Carta Magna. Todavia, essa restrição somente ocorrerá, caso o indivíduo a invocar objetivando isentar-se de qualquer de alguma obrigação legal, como determina esse mesmo inciso.
O artigo 19, em seu inciso I, da Constituição Federal realça a proteção e, especialmente, a aceitação de toda e qualquer religião, no Brasil, vedando que nenhum ente federativo (União, Estado, Município e Distrito Federal) intervenha nas celebrações religiosas. Ficando entendido que toda e qualquer decisão política está relacionada com alguma religião. Algo que, no tempo presente, deve ser frisado junto àqueles que se dizem cristãos e tomam a Bíblia como base a fim de condenar as pessoas que não comungam com os seus pensamentos.
Em meio a isso, fico só imaginando como Martinho Lutero pensaria, ao ver que as mazelas cometidas pela Igreja Católica e contestadas por ele são as mesmas que, na atualidade, sendo praticadas por esses "religiosos".