Viver de Verdade. Por Meraldo Zisman

VIVER…Para Winnicott, a melhor forma de enfrentar o medo de morrer é buscar nossa autenticidade. Quanto mais vivemos a partir desse “self verdadeiro”, menos o medo da morte pesa sobre nós. É como se, ao sermos genuínos, construíssemos a sensação de que nossa vida valeu a pena.

O medo de morrer é algo que muitos de nós já sentimos. Não é apenas o temor de deixar de existir, mas o receio de não termos vivido plenamente. Para o psicanalista Donald Winnicott, esse medo está enraizado não só na ideia do fim, mas em algo mais profundo: na qualidade do amor e do cuidado que recebemos ao longo da vida.

Desde cedo, precisamos nos sentires seguros e aceitos como somos. Quando temos esse suporte, desenvolvemos o que Winnicott chama de “self verdadeiro” — uma forma de ser autêntica, onde podemos nos expressar sem máscaras e nos sentirmos inteiros. No entanto, quando essa base segura falha, surge uma sensação de vazio, como se algo essencial estivesse faltando.

Esse vazio influencia nossa relação com a morte. Passamos a temer não só o fim, mas a possibilidade de que nossa vida não tenha tido real significado.

Temos medo de não ter sido nós mesmos, de não termos sido vistos e aceitos de verdade.

Para Winnicott, a melhor forma de enfrentar o medo de morrer é buscar nossa autenticidade. Quanto mais vivemos a partir desse “self verdadeiro”, menos o medo da morte pesa sobre nós. É como se, ao sermos genuínos, construíssemos a sensação de que nossa vida valeu a pena.

Enfrentar o medo de morrer, então, é um convite para viver de forma plena, para sentir a vida de verdade. Quando conseguimos isso, encontramos paz — não porque a morte desaparece, mas porque sabemos que vivemos com significado, presença e verdade. Afinal, o medo da morte é parte natural da experiência humana.

Em vez de evitá-lo, podemos aprender a conviver com ele de maneira mais saudável, refletindo sobre a vida e encontrando um novo sentido para ela.