Ansiedade e Inteligência Artificial. Por Meraldo Zisman

A relação entre ansiedade e inteligência artificial é marcada pela tensão entre o medo do desconhecido e a incerteza sobre o futuro. Ao longo da história, toda revolução tecnológica trouxe reações de resistência e angústia.

A relação entre ansiedade e inteligência artificial é marcada pela tensão entre o medo do desconhecido e a incerteza sobre o futuro. Ao longo da história, toda revolução tecnológica trouxe reações de resistência e angústia. Nos tempos dos Luditas, trabalhadores ingleses do início do século XIX, que temiam perder seus empregos com a introdução de máquinas nas fábricas, especialmente no setor têxtil, destruíam esses equipamentos. O movimento foi uma resposta ao receio de que a inovação tecnológica substituísse a mão de obra humana. Hoje, o termo “ludita” refere-se a qualquer pessoa que resiste ou teme as consequências de novas tecnologias. No contexto da inteligência artificial, essa ansiedade é ainda mais profunda, pois as ameaças vão além da perda de empregos manuais, atingindo atividades intelectuais e criativas.

A IA não se limita a alterar o mercado de trabalho; ela também redefine como nos conectamos com o mundo e uns com os outros. A ansiedade que ela gera decorre, em parte, do desconhecimento sobre seu real funcionamento, seu impacto nas relações humanas e nas dinâmicas de poder. A possibilidade de substituição humana por máquinas, em áreas onde o controle parecia garantido, aumenta o medo da irrelevância e a insegurança sobre o futuro.

Vivemos sob uma sobrecarga informacional intensificada pela IA. O bombardeio constante de dados, processados e entregues por algoritmos, mantém as pessoas em estado de alerta contínuo. Isso exaure as capacidades cognitivas, aumentando a fadiga mental e o estresse. Ao mesmo tempo, a presença de máquinas em atividades que envolviam o contato humano, como cuidados médicos, deixa um vazio. A frieza das interações mediadas por IA aprofunda a sensação de isolamento, um terreno fértil para a ansiedade crescer.

Outro fator que amplifica esse medo é a falta de transparência dos sistemas de IA. Algoritmos decidem questões cruciais sem que a lógica por trás dessas decisões seja compreendida, criando um sentimento de impotência. Além disso, as falhas e os vieses que surgem desse processo minam a confiança e amplificam a ansiedade.

O desafio do presente é encontrar um equilíbrio saudável entre a inovação tecnológica e o bem-estar humano. Se adotada de maneira ética e responsável, a IA pode coexistir com os valores humanos, complementando nossas capacidades e, ao mesmo tempo, respeitando nossa individualidade. O medo que a inteligência artificial desperta não deve nos paralisar, mas nos impulsionar a buscar soluções que resguardem a dignidade humana e nossa saúde mental em um mundo cada vez mais digital.