A Rede Globo e a CBF: Uma relação estranha
No Brasil as relações sociais são, via-de-regra, meio confusas. Algumas até suspeitas. Sempre tem alguém faturando alto, auferindo prestígio, encaminhando carreira ou comendo alguém. Como dizia o saudoso Barão de Itararé “de onde a gente menos espera dali mesmo é que não sai nada”. Tem uma coisa que vem me intrigando há tempos. Trata-se da relação com entre a CBF e a Rede Globo.
Foram as atividades políticas da Globo que Leonel Brizola classificou de “ovo de serpente” num polêmico artigo publicado no Jornal do Brasil. Aliás, Brizola disse, certa vez que, se fosse eleito Presidente, no outro dia cassava a concessão (que é provisória) da Rede Globo. Por isso a emissora e seus cardeais apoiaram Collor.
A CBF, embora trate do futebol, para quem não sabe, é um órgão eminentemente político, do Governo, vinculado a um Ministério. Pois a Globo não desafina nunca, sempre fazendo o jogo oficial e apostando no cavalo do comissário.
Já notaram como os narradores e comentaristas da Globo jamais metem o pau na Seleção? Por pior que jogue sempre tem uma palavra amena da equipe esportiva. Na última Copa, o comentarista Casagrande disse com todas as letras que Parreira era um incompetente, Zagalo deveria estar em casa cuidando dos netos, o time um bando de desinteressados, e que Roberto Carlos era um anão, culpado direto no gol da França.
Este conjunto de verdades escutou-se nos demais canais de televisão, a partir de Luciano do Valle (o melhor narrador esportivo do Brasil) da Bandeirantes.
Casagrande foi demitido! É lamentável ver o Galvão Bueno torcer para as “pedaladas” de Robinho, os chutes de Ronaldinho ou os desarmes de Lúcio, coisas que só existem na visão dele, pois os três citados eatão devendo boas atuações faz tempo.
Esse encantamento subserviente da Globo pelo Poder Oficial vem desde a ditadura, quando só eram mostradas imagens de “um Brasil que vai pra frente”. Hoje, os noticiários políticos situam-se todos na linha do “politicamente correto”.
Filósofo e escritor