REFLEXÃO DE UMA VIDA PLENA.

A serenidade dos 73 anos…

Passar dos setenta anos é, de certa forma, cruzar um marco simbólico na jornada da vida. É uma fase onde a maturidade encontra seu ápice e onde a sabedoria, forjada pelas experiências acumuladas, se revela com mais clareza.

Após os setenta anos, o tempo adquire uma nova dimensão; cada momento parece carregar um peso mais significativo, uma urgência mais serena, que traz consigo a percepção de que a vida é, acima de tudo, um ciclo.

Os medos de outrora parecem menores, e a busca por novos desafios é substituída por uma compreensão mais profunda do que realmente importa: as relações, as pequenas alegrias, e a paz de espírito para compartilhar o que se aprendeu, a inspirar os mais jovens e a deixar um legado que transcenda o tempo.

Após os setenta anos, entramos numa fase em que a alma se prepara para um entendimento mais profundo do ciclo da existência, abraçando a simplicidade e a plenitude do agora.

Os anos que nos restam, sejam muitos ou poucos, são, na verdade, o presente mais valioso que temos. Seja qual for o número desses anos, eles são um convite à introspecção e ao autoconhecimento. Depois de tudo o que já vivi, é como se o tempo que me resta se tornasse ainda mais precioso, como um pôr do sol que se aprecia com mais atenção por sabermos que é passageiro.

É tempo para cultivar a gratidão por tudo o que já foi vivido e para me libertar das amarras que ainda possam me prender. Agora, mais do que nunca, há a chance de viver de forma autêntica, sem as pressões que muitas vezes moldaram os anos anteriores.

Ao fazer as pazes com o mundo, reconheço que o ciclo da vida está se completando. Estou em paz, grato por tudo que vivi, sabendo que cada momento foi um passo em direção à serenidade.

Quando chegamos a um ponto da vida em que os planos dão lugar aos sonhos, entramos em uma fase de contemplação e serenidade. Os planos, que durante tanto tempo guiaram nossas ações e decisões, perdem um pouco de sua rigidez, e o foco se volta para os sonhos — aqueles desejos profundos que não precisam de prazos, metas ou estratégias.

Sem a pressão de realizar ou de conquistar, os sonhos se tornam mais leves, mais sutis. Eles deixam de ser projetos a serem executados e passam a ser inspirações que nos acompanham, como uma música suave que toca ao fundo, trazendo conforto e alegria. Sonhar, então, torna-se uma forma de manter viva a chama da esperança, de continuar a acreditar na beleza da vida, independentemente das circunstâncias.

Os sonhos, nessa etapa, são companheiros fiéis. Eles não precisam mais ser concretizados para terem valor; apenas existir já basta. Sonhar com um futuro mais sereno, com a felicidade daqueles que amamos, ou com a paz interior, é uma maneira de alimentar a alma e de manter o espírito elevado.

Sem a necessidade de planos, há mais espaço para a aceitação, para o reconhecimento de que o que importa mesmo é o presente. Os sonhos nos permitem vislumbrar horizontes amplos, mas ao mesmo tempo nos convidam a viver o agora com mais intensidade e significado.

Neste momento da vida, os sonhos não são sobre o que podemos fazer, mas sobre quem podemos ser. São sonhos de simplicidade, de momentos compartilhados, de quietude e de amor. São sonhos que nos lembram que, mesmo sem grandes planos, a vida ainda pode ser rica, plena e repleta de significado.

Gratidão pelo dom da vida é, de fato, a palavra que encerra e dá sentido a toda a minha jornada. É o reconhecimento de que, apesar dos altos e baixos, fui agraciado com a oportunidade de existir, de amar, de aprender, e de deixar minha marca no mundo.

A gratidão me traz paz e me prepara para o que quer que venha a seguir, com a serenidade de quem sabe que viveu plenamente e com o coração aberto. É, sem dúvida, a palavra final, aquela que resume a essência de uma vida bem vivida.

Obrigado, Deus !

Manoel Lobo,

08 / 09 / 2024.

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 08/09/2024
Reeditado em 16/09/2024
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