A verdadeira história do Castelo abandonado da Prainha em Peruíbe

Uma das histórias mais curiosas e fascinantes de Peruíbe, pouco explorada pelo poder público, acaba de ganhar mais um capítulo.

Trata-se do trecho de um recorte de jornal, datado de 1988, que conta mais um pedaço do envolvente mistério que circunda os muros do castelo da Prainha e encanta os moradores e turistas da região.

Muitas histórias já foram inventadas do local, o que torna difícil saber o que é verdadeiro. A notícia a seguir joga um pouco de luz neste faiscante episódio da cidade, com a certeza de que muitas outras ainda serão contadas, por esta e pelas futuras gerações.

O engenheiro civil e eletricista, Hardy Lopes Giusti, na época com 62 anos, foi preso em flagrante, em junho de 1988, em São Paulo, pelo crime de lesões corporais dolosas, cárcere privado e omissão de socorro contra a própria mãe, a professora de piano aposentada, Olívia Lopes Giusti, que estava com 82 anos.

O “alemão”, que tinha o castelo da prainha, estava com um revólver 38 na cintura, calçava botas e vestia um blusão e boinas negros, quando foi capturado pela polícia paulista e encaminhado para uma cela no 14º DP.

No sobrado onde morava em Pinheiros, zona oeste da capital, foram encontrados vários objetos de inspiração nazista, além de armas e munições.

Num dos cômodos da casa, os policiais encontraram seis armas de grosso calibre, incluindo um fuzil automático e uma metralhadora de fabricação alemã, para 70 tiros, de calibre 45. Foram encontrados ainda cerca de 3 mil cartuchos de vários calibres.

Espalhados pelos outros cômodos do sobrado, os policiais localizaram várias medalhas e condecorações semelhantes às usadas pelos nazistas, além de livros, como o “O nazismo sem máscara”, de Bauer Rois e o “Les Medicins Maudite”, de Christian Bernardo, no qual aparecia na capa do exemplar capturado a cruz suástica, um dos símbolos do nazismo.

Também foram encontrados pelos policiais bandeiras de inspiração nazista, recortes de reportagens sobre a 2ª guerra mundial e uma fita cassete contendo um discurso do Hitler, o hino nazista, a Marcha Militar de Schubert e músicas de apologia ao nazismo.

Na delegacia, Giusti negou espancar a mãe, mas confessou que a trancava em casa por que ela não tinha condições de sair à rua. Disse também que era aposentado da prefeitura paulistana e que as armas eram da sua coleção. Informou ser um estudioso do nazismo e que lecionou por 17 anos na Universidade Mackenzie.

A mãe dele, que aparentava ter perdido a lucidez, foi medicada no Hospital das Clínicas e afirmava que o filho tinha ciúmes dela e por isso não a deixava sair na rua.

Ainda no mesmo dia, a polícia fez uma busca na casa de praia do engenheiro em Peruíbe, litoral sul do estado, com a esperança de encontrar outras armas, mas não se sabe o resultado desta diligência e o que foi encontrado no Castelo da Prainha.

Fábio Ribeiro Professor de História da Rede Púbica e Mestre em História Social pela FFLCH/USP
Enviado por SirMárioHonorário em 10/07/2024
Código do texto: T8104051
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