Dois mil e oito, ano de eleições municipais
Inicia-se mais um ano eleitoral. Não vamos escolher quem será nosso presidente, qual será o governador, os senadores ou os deputados, mas vamos eleger políticos que vivem em nossos bairros, ruas. Políticos que conhecemos seus endereços, suas vidas, suas atividades. Enfim, pessoas que são políticas e que podemos acompanhar o seu dia-a-dia.
Eleições municipais são bem diferenciadas das de nível federal e estadual – bem verdade que há interesses nessas esferas para manterem ou aumentarem suas bases políticas.
Normalmente, as eleições municipais ocorrem num clima tenso, pois os candidatos procuram fazer o máximo para conquistarem seus eleitores, infringindo toda Lei Eleitoral com compra de votos, doação de cestas básicas e prestação de favores, também com uso indevido da máquina pública.
É uma eleição onde a Justiça Eleitoral precisa ter grande mobilização, fazendo cumprir a lei com o máximo rigor para que o pleito possa ocorrer na maior tranqüilidade possível. As denúncias de compras de votos são intensas.
Infelizmente, algo comum de ocorrer na política é a forma como o Executivo atua, passa três anos apenas fazendo o básico, sem prestar qualidade em seus serviços; deixa a população de lado, enviando Projetos de Leis anti - populares para o legislativo. É comum fugir do eleitor, não os recebendo em seus gabinetes. Enfim, governam da forma mais conveniente. Já em ano eleitoral os cofres públicos se abrem, mudam radicalmente o tratamento com os eleitores, reservam todos os recursos para, neste período, criarem um impacto positivo e assim, continuarem no poder.
O mesmo ocorre com o legislativo. Os parlamentares – com raras exceções – passam três anos sem produzirem nada de concreto seja em termos de leis ou em fiscalização do executivo. Aproveitam o máximo dos recursos públicos para benefícios próprios ou mesmo prestando favores particulares para eleitores visando, depois, receber em troca o voto do cidadão. Ano eleitoral é o ano das cobranças dos favores prestados.
A eleição municipal, de alguma forma, acaba sendo muito tendenciosa, pois grande parte do eleitorado ainda tem uma concepção errada do que é cidadania e qual é a importância de seu voto. Grande parte do eleitor não se dá conta de como ele é manipulado pelo político profissional. Infelizmente, ainda existe uma concepção errada do eleitor, a de que todo político é corrupto, “então se vota naquele” que é corrupto, ou não faz nada, mas que o beneficia pessoalmente de alguma maneira (com cesta básica ou levando num médico, ainda que seja com recursos públicos).
Algo que o eleitor precisa ser consciente é que todo favor feito pelo político tem um preço, que é o seu voto. Hoje o salário que o parlamentar recebe, podem lhe dar o luxo de fazer vários favores cabresteando assim eleitores inconscientes da importância de seu voto, não somente para ele, mas para todo município.
Ainda há outro ponto importante para ressaltar; a questão do bairrismo, isto é, o candidato é vizinho, é parente, induzindo o eleitor a ter obrigação de votar em tal candidato, ainda que, este não seja uma pessoa capacitada a exercer tal função.
Finalizando: as campanhas feitas sobre a valorização do voto, que deverá ocorrer, seja pelas entidades não governamentais, pela mídia, pela justiça eleitoral, possam proporcionar uma maior conscientização do eleitor. Que na hora de escolher seu candidato, não pense individualmente, mas sim no coletivo, votando em candidatos que, de fato, possam contribuir para o desenvolvimento de seu município.
Seu voto tem o preço que você der á ele.
O amanhã de seu município está na qualidade de seu voto.
Vote com a razão e a consciência e não com o coração ou com o bolso.
Revisora
KM