Poder da Insistência!

Por detrás do sucesso estão o suor e as lágrimas; nos ombros da fama encontram-se as pressões das exigências. (Hsing Yün – Professor da Universidade de Taiwan)

Quando era uma menina, Marjane, desejava ser uma ilustradora, trabalhar em uma revista ou jornal, colaborando com sua inata arte de desenhar. As muitas mudanças ocorridas em seu país, fecharam por um período as universidades para a pretendida reforma, não deixando alternativa para quem pretendesse continuar.

É lógico, que quando você tem uma aspiração impedida, ainda que temporariamente, por uma porta de bronze com trancas de ferro, a tendência é esfriar seu desejo, encruando o ideal. Justamente para que o tempo não passasse frustrando a concretização das realizações da jovem, sua família enviou-a para a Áustria, onde foi possível concluir seus estudos.

De volta a Teerã, a poeira ainda não tinha assentado. Os pais de Marjane deram a maior força para que fosse morar na França. Lá, haveria lugar para viabilizar seus projetos e materializar seus sonhos.

Que problema. Paris é linda! Falar francês é tão chique! O povo é charmoso! Mas e o Irã? Haja lágrimas para suportar sua falta; lembrar do melhor ar do mundo; da água mineral que sai diretamente da torneira das residências da capital; do afeto do povo persa, do aconchego da família. Meu projeto tem que ser realizado no Irã. – sentenciou Marjane Satrapi, em pensamento.

Depois de engolir cobras, lagartos, sapos e iguanas; graças ao Poder da Insistência, foi lançado em Paris, o livro “Persépolis”. A primeira edição fez as impressoras suarem mais do que tampa de chaleira, imprimindo 400.000 exemplares numa única tacada. Era a valorização do “Livro-Gibi”.

Marjane, amava tanto sua terra, que antes de ir morar na cidade da Torre Elffel, fez um "tour" completo nas ruas e pontos turísticos de Teerã. Assim guardaria para sempre na memória as imagens, com a mais alta das resoluções.

Paris estava linda naquela segunda-feira. Isso tornava ainda mais lancinante a saudade de Teerã. Marjane não havia até então, concluído seu projeto, pois o mesmo não faria qualquer sentido se não envolvesse sua pátria.

Trim.....

-- Que saco esse telefone. Toca em cada hora. Calma aí – disse para si mesma -- é uma ligação internacional. – pensou em voz alta a garota persa.

-- Marji, você conseguiu. Parabéns. O Irã acaba de receber sua primeira revista em quadrinhos. Esgotou tudo em duas horas. Estão providenciando outra edição para a próxima semana. Como isso foi possível? – perguntou seu primo.

-- Meu querido primo. Venha me visitar quando puder. Antes, minha alma experimentava a sensação de ter sido espremida por um moedor de carne. Sua notícia, reconstruiu meus ossos. To sentindo o maior calor. Meu sangue se reposicionou e dando meia volta, me fez sentir inteira outra vez. Uma “superseiva” agora, percorre meu corpo por completo. Percebo-me mais forte do que Asterix e Popeye, juntos. – e continuou:

-- Merci (obrigada) pela melhor ligação que recebi nos últimos todos os anos. Essa vitória se deve ao Poder da Insistência!

Gilberto Landim
Enviado por Gilberto Landim em 09/01/2008
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