JEJUM ESPIRITUAL x JEJUM INTERMITENTE

 

O jejum espiritual é uma prática comum na tradição na história da Igreja cristã. O jejum espiritual ainda hoje, é uma a prática voluntária de uma pessoa, em abster-se de alimentos por um período determinado para dedicar-se  à oração, meditação e canticos espirituais numa devocional única e particular com o seu Deus. É uma  busca espiritual, numa forma de renuncia às necessidades terrenas para se concentrar naquelas que lhes são espirituais, e Eterna, dando à pessoa o sentimento de proximidade e comunhão com Deus. Nunca será apenas uma abstenção de alimentos, ou uma simples restrição alimentar. 

 

Entretanto, diferente do espiritual, o jejum intermitente refere-se a um padrão alimentar que alterna períodos de alimentação com períodos de jejum. Historicamente, o jejum tem sido praticado em diversas culturas e, nalgumas religiões também, principalmente, orientais esotérica. Nesse caso não apenas por questões de saúde, mas também por motivos espirituais e culturais como uma prática purificadora e revitalizante do corpo e da mente. O que não se aplica ao jejum cristão.O jejum intermitente oferece uma variedade de benefícios fisiológicos, incluindo a regulação dos níveis de glicose no sangue e a redução da inflamação. Além disso, ele promove a autofagia, um processo de limpeza celular que pode ajudar na prevenção de doenças. Esses efeitos combinados contribuem para melhorias significativas na saúde global

 

Os jejuns eram praticados, usualmente, de manhã até à tarde. No entanto, temos exemplos de jejuns que atingiam mais tempo, como o de Ester 4.16 que prescreve, explicitamente, não comer nem beber, tanto de dia como de noite. É abstinência total de alimentos e de água. Esse jejum durou três dias e três noites. O grande problema das práticas externas de devoção e piedade é que, com o passar do tempo, elas correm o risco de perder o significado e ser vistas como meros atos litúrgicos. Assim foi com a prática do jejum, que deixou, em um determinado período, de ser uma forma de a pessoa humilhar-se perante Deus, para tornar-se apenas mais uma satisfação de obrigação religiosa. A perda de sentido retira do ato qualquer poder ou significado, gerando uma vivência hipócrita e vazia. 

 

Os profetas do século VIII a.C. comprovam a banalização do culto, e por conseqüência, da prática do jejum. Suas palavras e posicionamentos radicais contra a religiosidade formal denunciam o seu momento histórico. Ainda que suas palavras não tenham produzido conversão e arrependimento da nação impenitente, ecoam nos dias de hoje, nos advertindo contra o formalismo ou a mera observância sem sentido. 

 

O livro de Isaías, por exemplo, ao comentar essa prática, adverte que um jejum coerente e positivo não pode vir desacompanhado. Jejuar aceitavelmente implica “que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo o jugo... repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e se vires o nu, o cubras e não te escondas do teu semelhante”. 

 

O mesmo texto deixa entrever que o jejum foi usado de forma imprecatória, opressora, para contender e alimentar orgulhos e desavenças: Eis que jejuais para contendas e rixas, e para ferirdes com punho iníquo”. 

 

O Novo Testamento registra a presença e a prática do jejum. No entanto, Jesus adverte: “Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?” (Mc 2.15-19). 

 

Jesus confirma o jejum do Antigo Testamento, porém, no Advento do Reino e na vinda do Messias, não mais precisa ser observado. A presença de Deus com o ser humano, naquilo que foi chamado de Plenitude do Tempo, torna desnecessária qualquer tentativa humana de busca de Deus, pois ele já está presente no mundo. É o cumprimento da promessa do Emanuel: “Deus conosco”. 

 

Assim, devemos entender a expressão de Jesus no Evangelho de duas formas: a) não como uma abolição da prática, mas um intencional desejo de que os seus discípulos compreendessem o momento especial que vivenciavam, com sua presença e a boa-nova do Reino.; b) quando o “noivo” foi tirado pela ação da cruz, o jejum volta a ser necessário na Igreja, como forma de aproximação de Deus e de fortalecimento da fé. Suas palavras são dirigidas aos observadores que fazem do jejum uma forma de ostentação (Mt 6.16-18). O jejum deve ser praticado apenas para que Deus veja e abençoe. 

 

Os Evangelhos ainda mencionam o jejum como uma forma de preparação para o exercício de certos tipos de exorcismo (Mc 9.29). 

 

O Livro de Atos nos mostra o jejum como uma forma de perceber a vontade de Deus e confirmar o chamado de Paulo e Barnabé para a obra missionária8. Aliás, devemos observar que o jejum vem sempre antes de atividades ou chamados específicos. Também no Novo Testamento, o jejum está vinculado à oração. 

 

Ainda em Atos, um fato chama a atenção. Os judeus se unem num pacto para matar Paulo e resolvem, de comum acordo, não comer nem beber até que o tenham vitimado. É um caso interessante, pois mostra a prática do jejum de forma negativa, com objetivos homicidas e destrutivos, mesmo se levando em conta o ponto de vista de que Paulo seria um inimigo da doutrina da Sinagoga e do judaísmo palestinense. 

 

Finalmente, é preciso registrar que a Bíblia apresenta o jejum como uma prática legítima, que perdurou e transcendeu ao tempo bíblico, chegando até nossos dias. Jejum, como entendem os autores bíblicos, é uma prática importante para a declaração de humildade perante Deus; a demonstração da tristeza pela morte ou pelas catástrofes advindas; como preparação para o ministério; como fortalecimento da fé e da comunhão fraterna, condição básica para gozar da intimidade divina.

 

JEJUM INTERMITENTE.

 

Um dos principais benefícios do jejum intermitente é a perda de peso e a melhoria da composição corporal. Este método pode ajudar na redução da gordura corporal, especialmente na região abdominal, e na preservação da massa magra. Além disso, o jejum intermitente pode aumentar a taxa metabólica, favorecendo a queima de calorias e a perda de peso de forma eficaz.

 

O jejum intermitente tem se mostrado eficaz na melhoria da saúde metabólica e na sensibilidade à insulina. Estudos sugerem que ele pode reduzir os níveis de açúcar no sangue, melhorar a regulação da insulina e diminuir o risco de resistência à insulina, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. Esses benefícios são especialmente importantes para a prevenção de doenças relacionadas à obesidade.

 

Além dos benefícios físicos, o jejum intermitente tem sido associado a melhorias na longevidade e no processo de envelhecimento. Estudos em animais indicam que o jejum intermitente pode prolongar a vida útil, reduzir o risco de doenças relacionadas à idade e melhorar a saúde cerebral. Esses resultados encorajam a investigação contínua sobre os efeitos do jejum intermitente na longevidade humana.