20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra
No dia 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra,ótimo! No entanto, mais do que comemorar o dia, precisamos refletir sobre questões que giram em torno do mesmo.
Sabe-se que a discussão sobre as questões raciais vem se destacando devido à implantação de leis que visam uma reflexão sob o ponto de vista do multiculturalismo e o acesso de negros nas universidades e agora a PLL 122/2006. Atualmente existem diversos documentos e leis que promovem discussões referentes à classe negra e seu papel no desenvolvimento social e cultural de uma sociedade, tentando-se amenizar a questão da discriminação racial no país.
Contudo é necessário mais do que leis para promover uma conscientização. É preciso implantar programas, na prática, de tudo que se diz e se analisa como correto, relativo à questão do negro na sociedade. Não podemos continuar com essa farsa de que somos um povo libertador e desenvolvido, sem preconceitos e sem discriminação, sem nos preocuparmos com uma educação realmente voltada para todas essas questões.
Vivemos há tanto tempo tentando convencer-nos de que somos um povo sem discriminação, preconceito e racismo. Falamos o tempo todo que é uma falta de vergonha o nosso país, sendo o país multirracial que é, rejeitar as pessoas por sua condição social, política, sexual e de raça. Somos o povo que briga todos os dias para tornarmos iguais ou pelo menos com desigualdades menores. Agora para completar o que faltava, estabelecemos cotas para negros terem acesso às universidades. Porquê? Não serão eles, seres humanos iguais aos brancos?
Digo isso não como forma de discriminação, pelo contrário, é que não entendo o porquê dessa idéia de menosprezar os negros e pardos dizendo escamoteadamente que eles são seres incompetentes o suficiente para conseguirem lugar ao sol.
Acho que todos devemos ter as mesmas condições de ensino, sem precisarmos ter cotas para ninguém. Acredito na capacidade de todos, sem distinção. Na verdade não será uma lei que estabelece cotas para pessoas de raças diferentes da elite ocidental que irá diminuir a discriminação contra todos.
Todos nós somos discriminados e minorizados, vivemos em busca de uma liberdade, seja ele qual for, há muito tempo.
Cecília Meirelles já dizia: Deve existir no mundo um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se tem escrito poemas e hinos, a ela se tem levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
[...] Nossas bisavós gritavam: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade"; nossos avós cantaram: “Ou ficar a pátria livre/ ou morrer pelo Brasil"; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade! / abre as asas sobre nós" e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos /brilhou no céu da Pátria..." – em certo instante.
Essa liberdade de que Cecília Meirelles fala magistralmente em seu texto é um assunto a ser trabalhado desde muito cedo com nossas crizanças para evitarmos seres inescrupulosos num futuro.
É inegável que o ser humano é um formador de preconceitos. Até hoje, infelizmente, para muitos a figura do cidadão negro está relacionada à violência, a injustiça e a marginalidade. Contamos, para fortalecer isto, com uma mídia massificadora e discriminativa que tem uma influência inegável sobre os indivíduos, pois todos nós fomos condicionados a aceitar tudo que nos é informado, como verdade única, sem analisarmos e discutirmos o porquê das coisas.
Alguns podem estar achando que tudo isso já dito anteriormente é uma utopia que não tem nada a ver com a nossa realidade. Pois bem, será realmente utopia se não pararmos da falar, falar, falar... e começarmos a agir. É imprescindível que comecemos a praticar todas as palavras bonitas que dizemos ou escrevemos. Será hipocrisia falarmos de uma sociedade mais justa, sem discriminação e preconceito agindo como sempre agimos e como se nada estivesse acontecendo.
Enfim, é preciso sim, trabalhar com as diversidades nas escolas promovendo uma maior reflexão sobre o multiculturalismo e as desigualdades raciais. O desenvolvimento de projetos interdisciplinares envolvendo o tema é fundamental para a construção de um aluno-cidadão mais consciente e menos discriminativo.