Dos instantes á fidelidade
Certa vez em um convento dos capuchinhos, estava um frei guardião a orar ao Senhor, quando percebeu a sombra, pressentindo ser um de seus noviços ele falou: Fala- me filho! O que inquietas teu coração? Então ouviu uma voz baixa e tremula a responder: quero deitar o convento, esta vida não é para mim. Vendo a crise em que se encontrava aquele filho ele respondeu: quando entraste neste convento não era esta a tua certeza. Estais convicto da tua saída agora, mas não é esse o discernimento do meu coração. Estais deixando o momento decidir o seu chamado? O que Deus outrora falara a teu ouvido, confirmado no teu coração, Ele mudou? Estais enganado filho, Deus não muda, somos nós quem mudamos. Se por um instante se deixas levar jamais responderá com fidelidade a Deus. Nos deixamos levar facimente por instantes, sejam de desconsolo, seja de gozo. Não podemos responder com fidelidade a Deus se somos movidos puramente por impulsos de instante. E o que caracteriza o instante? É um movimento passageiro. E Deus não é passagem e sim eternidade. Pois o mesmo impulso que eleva, pode também de arrastar para baixo.
Não estaria aqui a condenar os instantes, ou retirar deles a sua importância, mas apenas dizer que falta- nos as vezes mergulhar num sentido mais profundo e a saber que estes instantes só são significativos, quando eles nos levam a algo para além deles mesmos. Um grande exemplo foi a cruz de Cristo, ela foi um momento, mas que estava para além do que se via ou sentia. Na verdade o Senhor se preparou até aquele momento para viver aquele “ instante”. Há instantes que nos preparam para vida toda e ha instantes que para serem vividos precisam de um longo tempo de preparação, como por exemplo a morte. As vezes ela nos colhe em um relapso de tempo. È um pequeno instante, mas que deveríamos por toda vida nos ter preparado. Quando um Frei ou Freira de votos temporários vai dizer o sim a vida consagrada para sempre com os votos perpétuos, este sim dura um instante, mas o que aconteceu em sua vida até ali é uma história. Assim também quando os noivos dizem sim um ao outro. É apenas um instante, mas que reflete uma história já construída a dois. Os instantes são cumes da vida. O sim e o não as vezes revela uma longa trajetória. O que não se pode perder de vista é que esta resposta precisa ser dada. Mas se é apenas um instante por que se torna tão difícil da- la? Por que é um instante com peso de eternidade. Pois são instantes que nos colocam diante do ‘’para sempre’’.