LOUCURA
LOUCURA
Deve ter sido de uma poesia que li agora há alguns minutos que citava em alguns versos a loucura, que me veio essa ideia de falar sobre ela. Pois bem já que é essa a palavra escolhida para escrever depois de alguns dias apenas escrevendo poesia, abandonando, mesmo que momentaneamente, mas sem, jamais, esquecer do Blog, vou começar a discorrer sobre o que eu penso, o meu ponto de vista, o meu sei lá, tudo que sei sobre a tal loucura, que está cada dia mais evidenciada, citada, encontrada e, digamos, solicitada.
Eu penso que, eu não acho, porque já citei em alguns textos, que não suporto e não admito o achômetro que as pessoas insistem em usar. Ninguém mais sabe nada de concreto, ninguém diz mais nada definitivo, tudo é eu acho, eu acho, eu acho. Falta de personalidade, de conhecimento, de vocabulário, falta de tudo, principalmente, segurança do que vai dizer. As pessoas estão com medo de se comprometerem ao afirmarem certas coisas. Nem mais eu te amo dizem, com medo de mostrar fraqueza. Pois bem, eu penso que loucura é estar fora do estado normal de uma vida que, costumeiramente, se leva, fora dos padrões habituais daquele convívio, daquela família, daquele habitat, daquela empresa, daquela escola, daquele grupo a qual se participa. Loucura é agir contra o que as pessoas que te rodeiam, que convivem contigo, estão vivendo. Loucura é pensar e agir de forma diferente e estranha a tudo e a todos sem nem mesmo pensar que está indo contra, não por estar alheio, mas por estar consciente do que está dizendo e fazendo. Loucura é ser o que se quer ser. Loucura é buscar tudo aquilo que se quer ter. Loucura é, simplesmente, viver.
Estar fora do estado normal. O que é ser normal? Ser normal é andar sempre nos caminhos da retidão, da honestidade, da serventia, da humanidade e tantas outras coisas mais. Mas, e se não andarmos nesses caminhos todos, por alguma razão que seja que nos impeça de irmos adiante nesses quesitos, estaremos e seremos considerados loucos? Talvez não empreguem a palavra loucos e sim desajustados. O que é um desajustado senão um louco que vive á margem da sociedade?
Que padrões são esses que devemos seguir, feito cordeirinhos indo ao abate? Padrões são normas, leis estabelecidas para o bem estar das pessoas que convivem em sociedade, para evitar qualquer desavença, brigas, discussões e as pessoas se submetem a tudo e a todos em detrimento de si mesma porque deve seguir o padrão das leis e normas estabelecidas por pessoas que sabe-se lá porque fizeram tais normas e leis - algumas fazem para levarem vantagem para si - .Nunca gostei da palavra padronização, padrão. Quando dava aula e consultoria de Qualidade Total, implantação dos 5 S's da Qualidade Total, quando chegava na padronização era um parto pra mim ter que explicar o que se deveria fazer, pois não acredito em nada que seja padronizado, pré-determinado como sendo o correto, pois o que é correto para mim pode não ser para outras pessoas, o que é correto para outras pessoas não é, necessariamente correto para todos. Nunca gostei dos uniformes nas escolas e empresas, pois fazem todos ficarem iguais, quando na verdade ninguém é igual a ninguém. Claro que tem uma tremenda vantagem na uniformização numa escola, pois identifica melhor os alunos daquela tal escola. Até isso pode ser aniquilador para alguns, pois ao passarem por entre alunos de escolas particulares e públicas, sempre vai haver um idiota que vai se achar mais do que os outros e dizer bobagens comuns e certas, próprias de quem só tem superficialidades em sua vida. Na empresa, nas consultorias, sugeria fazerem uniformes até com uma certa padronização no estilo, mas com cores diferentes, para setores, departamentos. algo de acordo com a necessidade de modo geral - nunca vai haver um consenso em nada, mas a maioria vence -.
Loucura é viver fora do que as pessoas que te rodeiam vivem. Mas por quê isso? Se cada um de nós, mesmo no nosso corpo temos diferença de um lado esquerdo para o direito, porque temos que ser iguais, fazermos igual ao que fazem. Cadê a liberdade de expressão? Onde está a liberdade de ir e vir, fazer o que bem entende? Loucura é seguir como um autômato sem saber quem é, para onde vai, porque vai, como vai. Perdido total. Loucura é estar perdido num mundo só seu, até que um dia, algo acontece - tomara que aconteça - e faz acordar, e perceber que nada daquilo é certo, nada é adequado e então começa a rebeldia - para todos é rebeldia - mas é apenas a libertação de alguém que começa a pensar e agir por si mesmo sem seguir os padrões e modus vivendi dos outros, É difícil e complicado esse momento. Tem que enfrentar tantas adversidades que muitos até desistem e voltam ao ostracismo, voltam para o comodismo e conformismo de serem o que todos sempre foram e querem que ele seja.
Loucura é estar consciente do que sabe do que quer, do que vê e do que diz, pois o normal hoje é a alienação de todos, uma perdição de pensamentos ignóbeis, uma sequência de ações cada vez mais estranhas e consideradas normais, pois é assim que caminha a humanidade e quem pensar diferente do estranho é que será o estranho e taxado de rebelde, de louco e merecedor de um tratamento de choque. Lembrei agora do melhor conto que já li na minha vida - e olha que foram muitos - O ALIENISTA do maravilhoso Machado de Assis, o melhor de todos, até melhor do que eu - nesse conto relata a situação de um médico psiquiatra que abre em sua própria casa a chamada Casa Verde onde ele interna e mantém em cárcere, com medicamentos e em total situação de inércia, a todos da cidade que forem contra qualquer situação, qualquer coisa que saia do normal. Chegou ao limiar da sua loucura - ele era o louco, mas para ele não, os outros eram - que até quem passasse e lhe cumprimentasse com bom dia , bom tarde ou boa noite, já ele o internava e lhe dava tratamento de choque porque estava alienado, não ele, mas as pessoas até chegar ao ponto de que toda a cidade estava internada, até a esposa dele, e ele então se deu conta que ele era o alienado. Acho magistral esse conto, retrata exatamente a loucura que as pessoas estão chegando de não saberem mais discernir entre o certo e errado - embora eu sempre pense que não existe exatamente o certo e errado, existem as possibilidades. Mas a falta de consciência e humanismo está cada vez mais latente nas pessoas.
Loucura é ser o que se quer ser, porque isso está cada vez mais fugindo da normalidade, cada vez mais as pessoas estão querendo ser o que os outros são, ter o que ou outros tem, fazer o que os outros fazem, numa total falta de imaginação e total dependência de alguém, demonstrando total incompetência de ser uma pessoa que pensa, que age, que vive por si mesmo e não para ser o que os outros são. Tudo o que os outros tem ou fazem ou são melhores. isso é falta de personalidade, total e absoluta falta de personalidade. Atualmente uma das profissões - virou até profissão uma idiotice de INFLUENCER - que mais cresce, que mais rende grana é ser influencer, que nada mais é, um espertalhão que percebe a carência, fragilidade e ignorância das pessoas em serem elas mesmas e vão lhes dizendo o que devem fazer. Pegam as pessoas como marionetes e os conduzem a fazerem o que eles, como detentores da verdade absoluta e do saber integral, querem e mandam, e assim as pessoas vão gastando seu dinheiro e esses espertalhões faturando milhões em função da fraqueza do ser humano. Eles são culpados? Com certeza que não, eles estão se aproveitando de um nicho de mercado pela falta de personalidade das pessoas muito evidente nos dias atuais.
Não há mais a superlotação nos manicômios, acho até que ne existem mais, pois o maior manicômio são as ruas, as casas onde as pessoas se sentem aprisionadas de si mesmas, seguindo as leis e normas dos outros que a dirigem e lhes dizem o que tem que fazer e seguir. Loucura é estar perdido num mundo onde não se consegue mais se encontrar. Loucura é viver.
E para essa loucura toda passar, precisamos fazer o quê? Eu sei, e tu, sabes? Pense bem e encontrarás a resposta dentro de ti, basta olhar o mundo e o que está faltando à humanidade.
(Texto escrito em 27/02/24 – 20h24)