O Trauma e a Psicanálise

Trauma é um termo de origem grega que significa "ferida", sendo utilizado principalmente pelo campo da medicina.

A psicanálise transpôs este termo para o plano psíquico, explicando o trauma como uma consequência de um choque emocional violento capaz de produzir efeitos danosos sobre o psiquismo como um todo.

O trauma pode advir de uma única vivência muito violenta ou da somatória de experiências de grande impacto psíquico que se fixam e não conseguem ser metabolizadas pelo aparelho psíquico, prejudicando o seu funcionamento e a sua integração.

Nas bases etiológicas das neuroses e psicoses, segundo Freud, encontramos traços de memória de experiências traumáticas

inconscientes que surgem no discurso do paciente em análise e que foram vividas em momentos precoces do seu desenvolvimento infantil, quando a linguagem ainda incipiente, ou o psiquismo ainda imaturo, não dispunham de recursos suficientes para elaborar a

intensidade do impacto psíquico produzido pelo trauma.

Sinais mnêmicos da experiência traumática, como sinais de angústia, medos, sintomas de depressão e ansiedade, segundo o

olhar psicanalítico, podem passar a fazer parte integrante do psiquismo produzindo efeitos que expressam-se de maneira

constante e repetitiva, sendo uma tentativa insistente do aparelho psíquico a liberação da energia livre que ainda não pode ser

simbolizada, independentemente do tempo em que o trauma foi desencadeado, já que o inconsciente é uma instância psíquica

atemporal.

O trabalho psicanalítico favorece um caminho para que a experiência traumática infantil fortemente associada a uma memória emocional que não se manifesta necessariamente vinculada aos fatos que a geraram, profundamente marcada no

aparelho psíquico, passe a ser contornada pela linguagem e passe a fazer parte de um conteúdo psíquico com representação

simbólica.

Desta forma, cria-se na análise uma oportunidade de trabalhar o conteúdo psíquico traumático e o trauma pode deixar

de ser uma fonte de recorrência de sintomas de angústia sem nomeação, para tornar-se um registro simbolizado de vivências que podem agora, ao invés de serem repetidas de forma contínua e patológica, serem elaboradas e reintegradas de maneira a permitir um funcionamento psíquico saudável.

Will Juiz
Enviado por Will Juiz em 17/01/2024
Código do texto: T7978191
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