CERIMONIAL
Dia 23/12/2023 fiz a minha primeira celebração de um casamento. Além da celebração também montei o cerimonial, ou seja o roteiro do início ao fim da cerimônia do enlace matrimonial de uns amigos das minhas sobrinhas que por serem de muitos anos, acabei me encontrando com eles em várias ocasiões e tornando-me também amigo deles, inclusive ambos me chamam de Nonô, pois todos meus sobrinhos me chamam de Tio Nonô, não por causa daquele personagem do Ari Fontoura numa novela, que era extremamente avarento - inclusive não tenho nada disso - que todos lembram, não, é porque meus tios me chamavam de Nanando, visto que meu nome é Fernando, e uma prima nasceu e quando começou a falar não conseguia dizer Nanando e falava Nonô, logo em seguida minhas sobrinhas e sobrinhos começaram a nascer e chamarem-me de Nonô. Então eles, de uma amizade antiga, acabaram cruzando seus olhares e começaram a namorar, e decidiram, em três anos, casarem-se e me convidaram para ser o cerimonialista e celebrante do casamento deles, por, conforme me disseram, além de conhecê-los e saber um pouco da história deles, também porque era palestrante e escrevo coisas bonitas..
Fiquei muito lisonjeado com o convite e assim, há três meses, desde que recebi o convite, já comecei a imaginar, matutar sobre como poderia ser e visualizar, como sempre faço, criando um holograma (agora eu digo essa palavra, porque antes eu dizia uma imagem) diante dos meus olhos onde tudo acontece, e assim já comecei a montar, criar dentro dos espaços que nem sabia quais usar, pensar nos textos, nas palavras a dizer, que fossem emocionantes, mas não para chorar porque é um casamento, é festa, é alegria, e todos estão tomados pela emoção, mas não precisa haver choradeira, até porque, as mulheres vão se derreter na maquiagem e se decomporem. Pensava em tudo e em como elaborar um texto que fosse profundo e ao mesmo tempo descontraído, até com algumas jocosidades, mas, sem ser, ali, no momento, vulgar.
Montei um questionário imenso para os noivos responderem, para conhecê-los, mas, principalmente, para ver a sincronia o conhecimento que os dois tinham sobre cada um. Pedi para que cada um respondesse sem um saber das respostas do outro, e eis que foi surpreendente como a maioria das respostas, quase todas, eram as mesmas, parecidas, não iguais, demonstrando que realmente os dois estavam formando um par, um casal que sabiam um do outro - também, mais de 20 anos de amizade e mais 3 de namoro -, até citei na cerimônia sobre essa situação. Esse questionário só me foi passado uma semana antes do casamento, por ele, e ela, por vários motivos, só na ante véspera do casamento.
Como estou acostumado, e sempre gostei de fazer as coisas mais no improviso do que no planejado, embora tenha tudo planejado dentro da minha cabeça, no meu pensamento, não me incomodei com a situação e, tão logo ela me passou as informações, e até simultaneamente, eu fui montando, escrevendo a celebração para o enlace matrimonial. O texto foi fluindo imaginando a cena dos dois diante de mim, as pessoas ao redor assistindo e escutando aquelas palavras - nem todos, muitas pessoas se dispersam e apenas estão, olhando talvez, mas escutando, prestando atenção, quem sabe, mas em tudo é assim. Quando dava palestras eu chamava a atenção de quem estava disperso, eu percebia, estava sempre ligado, mas ali, na cerimônia não tinha como, mas isso era o menos importante, o que importava é o que tinha a passar para eles, dando as bençãos para uma nova vida que seguiria em frente, e essas palavras tinham que ser profundas, tocantes e ao mesmo tempo incentivadoras.
Fui fazendo o script de toda a cerimônia em comum acordo com a noiva e ela me orientando como queria que fosse. Não tive nenhum encontro com eles, nem com os demais personagens da cerimônia, como violinista, DJ, fotógrafo, buffet. Mas assim fiz, conforme as informações, fui montando todo um passo a passo e passando para ela que ia me dizendo para retocar aqui e ali, mudar isso e aquilo, e assim ficou montado o Cerimonial que eu iria comandar e celebrar.
Por já saber lidar com os improvisos, não fico nervoso nem tenso, apenas agitado porque quero começar logo. Cheguei tranquilo no local da cerimônia, fui fazendo os contatos, e já adequando algumas mudanças, que sempre tem, principalmente quando não se conhece o local. Mas tudo transcorreu bem até que chegou o momento, e todos os mais de 120 convidados já estavam todos em seus devidos lugares e de acordo com a noiva começaríamos a cerimônia antes do horário previsto devido à previsão de chuva para logo mais. E assim foi. Com algum probleminha aqui e ali, mas tudo transcorreu super bem. Todas as etapas foram sendo cumpridas, conforme o script, outras sendo mudadas e acrescentadas na hora, mas tudo em ritmo de festa e um chopp bem gelado, fazia com que tudo fluísse muito bem na santa paz. Os noivos foram abençoados e a festa fluiu animada e todos os convidados felizes tal qual os noivos.
Fiquei muito satisfeito com o meu trabalho e desempenho. Sou muito crítico com o que faço. Mesmo com os parabéns, agradecimentos e elogios das pessoas, sei que isso, muitas vezes, não corresponde bem à realidade, é mais uma formalidade, mas olhando fotos e assistindo alguns vídeos curtos que foram feitos e me passaram, me avaliei e gostei do que vi. Gostei do meu desempenho e estou até pensando em divulgar meu trabalho de cerimonialista para todo tipo de evento.
Já fiz três cerimoniais de 15 anos, um deles da minha filha, um da filha de uns amigos e o outro de uma aluna; mas casamento foi o primeiro, embora já tivesse feito todo o cerimonial para uma aluna que iria casar, fiz conforme ela pediu, mas chegou perto do casamento os pais descobriram e acabou o noivado. Fora as cerimônias de Formaturas dos Cursos Técnicos que fui Paraninfo por várias vezes. Das 15 turmas de do Técnico em Administração que dei aula, fui paraninfo de 14 e 8 vezes das turmas de Contabilidade. E em todas, o improviso imperava, deixava fluir o que o coração e a emoção mandavam, e assim, era sempre um sucesso. Então já estou acostumado. Que venham muito outros.
Desde quando comecei a escrever no Blog nunca tinha ficado tantos dias sem publicar algum texto, mas fiquei cinco dias porque estava envolvido com o cerimonial e também a publicação do meu livro - dos 51 primeiros textos aqui do Blog - que me tirou muito tempo pois tinha que revisar, revisar e revisar. Mandei para o Diagramador, ele me enviava e eu devolvia sempre com alguma correção. Agora parece que isso também passou. Até a capa do livro já está criada e vai ser melhor desenvolvida essa semana, e provavelmente mande para a gráfica ainda esse ano, ou seja, durante a semana. Espero voltar a escrever com a frequência que me é costumeira e assim mais textos para reflexão mandar para as pessoas. Dei uma folga para eles. Gostaram da folga?