Um ano novo e um novo ano
Jano, o deus romano das duas faces, o deus das portas que se abrem e fecham a representar o tempo que passou e o tempo que começa, foi a inspiração para que o imperador romano Numa Pompílio (717-673 a.C.) inserisse o mês de Januarius no calendário que sucedeu o confuso calendário de seu antecessor, o imperador Rômulo (753-717 a.C) que tinha 304 dias e apenas 10 meses. Como os romanos eram supersticiosos e consideravam que os números pares davam azar Januarius tinha somente 29 dias, e também não era o mês que iniciava o ano. Somente com a entrada do calendário Juliano, que substituiu o também confuso calendário de Numa Pompílio, é que Januarius tornou-se a porta de entrada para um Ano Novo.
E hoje, já no calendário Gregoriano, o nosso Janeiro com 31 dias representa as portas que fecham velhos tempos e abrem novas oportunidades.
Portas que, pelo menos em tese, deveriam fechar velhos tempos; tempos onde fomos invadidos pela mágoa, decepção e um mar de ilusões. No entanto, há pessoas que não conseguem se desapegar do passado e acumulam triste lixo emocional. Caminham pela vida 40,50 anos atrás, com a mente intoxicada pelos pensamentos tortuosos e o coração endurecido pela mágoa e ressentimento.
É necessário trancar as portas do passado para que se abram as portas do novo tempo. Detalhe importante: o Janeiro de novas oportunidades não carece começar no Janeiro do calendário. O Janeiro que abre novos tempos pode começar em Dezembro, Março, Abril... é o Janeiro do novo homem, é o Janeiro que demarca um novo ano e não somente um ano novo.
O ano novo obedece a cronologia, o novo ano não necessariamente. A própria vida mostra isso todos os dias. Inúmeros Espíritos reencarnam ensejando o recomeço nos mais diversos meses do ano. Em Abril, Maio ou Junho inúmeras pessoas retomam projetos engavetados, dão nova chance ao coração, retomam os estudos, perdoam, prosseguem. O que seria isso senão um autêntico Janeiro a florescer em novas oportunidades que damos a nós mesmos? Por isso, forçoso admitir que não há barreiras de meses, dias ou anos quando queremos reconstruir nossa vida. O tempo é agora, o Janeiro pode ser em Julho.
E para provar que os novos tempos conspiram a nosso favor vemos que a Bondade Divina faz sua parte com excelência. O esquecimento temporário representa a tranca das portas do passado. A reencarnação a chave que abre as portas para novos tempos, e, de quebra, levamos para os novos tempos não a lembrança que poderia paralisar e intimidar, mas a experiência que se traduz na forma da intuição e do conhecimento, verdadeiros faróis existenciais que mostram o melhor caminho a seguir.
A você, caro leitor e leitora, um feliz ano novo, e, sobretudo, um proveitoso novo ano. Que se abram as portas do Janeiro das oportunidades e do recomeço, da continuação ou retomada de projetos e da conquista do sucesso existencial, objetivo de todos nós na peregrinação terrena.
Pensemos nisso.