O Amor para a Psicanálise ( Parte Final )
Cont. da Entrevista
Entrevistadora: E o amor no tempo, em sua duração? Na eternidade?
J-A Miller: Dizia Balzac: “Toda paixão que não se acredita eterna é repugnante”. Entretanto, pode o laço se manter por toda a vida no
registro da paixão? Quanto mais um homem se consagra a uma só mulher, mais ela tende a ter para ele uma significação maternal: quanto mais sublime e intocada, mais amada. São os homossexuais casados que melhor desenvolvem esse culto à mulher: Aragão canta seu amor por Elsa; assim que ela morre, bom dia rapazes! E quando uma mulher se agarra a um só homem, ela o castra. Portanto, o caminho é estreito. O melhor caminho do
amor conjugal é a amizade, dizia, de fato, Aristóteles.
Entrevistadora: O problema é que os homens dizem não compreender o que querem as
mulheres; e as mulheres, o que os homens esperam delas.
J-A Miller: Sim. O que faz objeção à solução aristotélica é que o diálogo de um sexo ao outro é impossível, suspirava Lacan. Os
amantes estão, de fato, condenados a aprender indefinidamente a língua do outro, tateando, buscando as chaves, sempre
revogáveis. O amor é um labirinto de mal-entendidos onde a saída não existe