Ano novo, nada de novo?
Superstições, crendices e outras formas culturais que envolvem a humanidade, nos afastam de maneira sutil da realidade e acabam sendo prejudiciais, cegando a sociedade que espera no sobrenatural às questões que deveriam ser resolvidas dentro de uma racionalidade, materializadas por ações conjuntas de ideais de caráter coletivo, buscando o bem estar e o interesse de todos.
Todo ano desenha-se o mesmo cenário, no plano das crendices, lotam-se as praias, o branco das roupas confunde-se com a areia do mar, simbolizando a paz. A lentilha é o prato principal, representando a fartura e a multiplicação. As flores e os barquinhos com pedidos e agradecimentos são lançados ao mar, sem contar os pulinhos com o pé direito, visando a sorte; Astrólogos, Tarólogos, Numerólogos, e outros “ólogos”, se misturam fazendo projeções vazias de um futuro incerto e desconhecido; Abraços e beijos fazem parte do momento de êxtase que toma conta de todos.
No âmbito racional, o mesmo pragmatismo. O presidente e a sua curriola com discursos eloqüentes, mas sem conteúdo, buscando na última cartada de otimismo, a alavanca para um pífio mandato. Falam em maior investimento no setor público, com a garantia de geração de emprego e aumento salarial, lançando números fictícios de desenvolvimento, que causam uma falsa expectativa de melhoria.
A verdade é que não consigo festejar diante de um quadro tão deplorável, ao invés de comemorar, teríamos que fazer luto em homenagem às vítimas da violência que assola o país, e reverenciar os milhares de heróis que conseguem sobreviver com um Salário-Mínimo.
Espera-se verdadeiramente um governo ético e transparente, e que transforme todas as palavras em ações, cooperando com um povo participativo e mais realista.