Associação Livre ( parte II )
“A associação livre é uma maneira de fazer surgir o desejo nas representações.
Essa operação é uma tarefa do analista.
A associação livre foi o dispositivo descoberto por Freud que consiste no desenrolar das cadeias significantes do sujeito, sustentado pelo amor de saber dirigido ao analista:
A transferência.
Desenrolar este que permite desatar os nós do recalque, do sintoma, cabendo, por sua vez, ao analista a direção da análise apontado para a construção da fantasia fundamental no intuito de fazer o paciente atravessá-la, ou seja, ir para além desta.
Se a fantasia é uma resposta do sujeito ao enigma do sexo que representa o desejo do OUTRO, atravessá-la é experimentar o
estado de desolação absoluta ou de desamparo ( Hilflosigkeit ), ou seja, a mais completa solidão e a inexistência do OUTRO.
“As regras das técnicas que estou apresentando aqui para vocês, alcancei-as por minha própria experiência, no decurso de muitos anos, após resultados pouco afortunados me haverem levado a abandonar
outros métodos.
Minha esperança é que a observação delas poupe aos psicanalistas que exercem esta função, esforços desnecessários e resguarde-os contra algumas inadvertências.
Devo, contudo, tornar claro que o que estou asseverando é que esta técnica é a única apropriada à minha individualidade; não me
arrisco a negar que um psicanalista constituído de modo inteiramente diferente possa ver-se levado a adotar atitude diferente em relação a seus pacientes e à tarefa que se lhe apresenta”. (FREUD, 1912/1987, p.149).
Nesse capítulo é apresentado o método de associação livre como fundamental ao método psicanalítico de Freud, bem como a
transformação de Freud como médico em analista, o uso da associação livre como ponte para o inconsciente, trazendo à tona
logo no início do método os desejos, conscientização e recordações.
Como o método visa que o paciente fale tudo que lhe vier a mente, sem qualquer medo, pudor, nem nada que pudesse lhe fazer
alguma coisa ruim, a investigação de Freud não se daria mais por indagações ou processos hipnóticos, mas sim pela investigação da fala, o analista conduzindo a sessão através da atenção flutuante.