A episteme da Psicanálise
Passamos a viver em um mundo infinito, em que a terra não é o centro.
O homem está perdido nesse infinito – quem garante que a ética, a moral está realmente certa?
É desta forma que podemos ler a importante obra de Descartes;
"Discurso sobre o Método".
Em que ele duvida de tudo, até de que existe e tem um corpo.
A dúvida passa a ser fundamental ao homem moderno.
Com a dúvida, a filosofia, desde o Renascimento, tem que ser pensada sempre sob a sombra do niilismo, sob a sombra do nada e também do infinito.
O homem perdido busca uma resposta, um sentido, uma orientação.
Perdido em si mesmo, ainda acossado por um moralismo excessivo, o mundo vê surgir a figura de Sigmund Freud.
Polêmico, ele questiona a moralidade reinante.
E faz uma nova revolução;
"O centro da psique não é o EU, mas o inconsciente".
O EU é apenas a ponta do Iceberg.
Voltando um pouco na história do mundo, devemos ressaltar a diferença entre ética e episteme.
E aí saberemos que a psicanálise não é uma ciência, mas uma ética.
Por exemplo:
"Cientistas descobrem que refrigerante causa celulite". (É uma verdade científica, um conhecimento positivo).
Uma mulher pode então se questionar: – Devo ou não tomar refrigerante?
Responder à esta pergunta é uma questão ética.
Não uma questão científica.
Entretanto, esta diferença clara entre ética e episteme é recente na própria história da psicanálise.
Tanto Freud como Lacan tentaram fazer da psicanálise uma ciência.
Para Freud, a psicanálise era uma ciência natural, empírica.
Lacan também, por certo tempo, tentou, mas depois percebeu que não era possível fazer uma ciência de um sujeito.
E nem por isso a psicanálise é menos.
Nascida das horas e horas no divã, a talking cure (a conversa que cura) ficou mundialmente conhecida e, apesar das atuais controvérsias com a psiquiatria e a neurociência, continua prosperando e ajudando os sujeitos a lidarem com seus sintomas.
Desta forma, entendemos atualmente que a psicanálise se situa no campo da ética e não no campo da ciência.