Homossexualidade e Religião / Considerações Finais

Nas pesquisas mais amplas que venho realizando, ao coletar entrevistas com homossexuais evangélicos, descobri que alguns indivíduos procuram

ajuda na igreja para questões da sexualidade, o

que indica o recurso a iniciativas religiosas que ofe-

recerem cura.

Sob a forma de libertações individuais (da qual podem participar pastor, psicólogo

cristão e fiel) ou de aconselhamentos pastorais,

apresenta-se uma perspectiva religiosa que dialoga

com conceitos e práticas psicológicas.

Tal articulação entre religião e psicologia deverá ser objeto de

reflexão em outros trabalhos.

Limito-me no

momento a sugerir que, do discurso sobre a cura

da homossexualidade – que enfatiza a importância

da cura das memórias, procedimentos de procura

interior e valorização do “eu” – emerge uma prática pastoral que articula elementos da tradição religiosa e certos modos de subjetivação modernos.

Alimenta-se, assim, o diálogo entre visões religiosas do mundo e visões individualizadas.

Cabe enfatizar a entrada, neste

campo, de certos atores sociais, como psicólogos,

psicanalistas ou mesmo médicos cristãos, que conjugam identidade religiosa e profissional e que

causam impacto no âmbito religioso.

Do ponto de vista da experiência dos sujei-

tos, a abordagem da questão é muito delicada e

envolve a análise das passagens e das mediações

sociais nas trajetórias biográficas, uma vez que a

experiência religiosa é constituída por três dimensões distintas:

1- identidade ou pertencimento;

2- Adesão, experiência ou crença;

3- O ethos ( identidade religiosa ), como disposição ética ou

comportamental.

Ressalto que as

concepções examinadas sinalizam para a tensão entre modernidade e tradição em contextos religiosos, em que princípios de mudança e permanência se relacionam com a cosmologia e a doutrina.

O paradoxo é profícuo (oportuno ) para pensar como essas

tensões são atualizadas em contextos religiosos por

meio da oposição entre exercício da sexualidade e vida religiosa.

No discurso sobre cura e libertação, tecnologias que visam ao cultivo de si e à racionalização dos controles corporais convivem com a

manutenção da assimetria entre os gêneros.

Obrigado a todos os (as) Leitores (as) destes artigos

Will Juiz
Enviado por Will Juiz em 02/12/2023
Código do texto: T7945730
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