Homossexualidade e Religião

Considerações finais

A análise destes artigos aqui publicados, pode nos mostrar, como evangélicos proferem um discurso que afirma a exterioridade da

homossexualidade, rejeitando concepções deterministas e afirmando a possibilidade de reversão

por meio da conversão.

As acusações morais subjacentes ao discurso sobre a cura revelam um

pânico moral insuflado pelo cultivo de uma ima-

gem negativa.

Homossexuais são vistos como

“promíscuos”, “pedófilos” e sujeitos que “espalham doenças”, portanto indivíduos perigosos à

coletividade.

Também foi possível perceber uma

apropriação de noções oriundas de outros saberes institucionalizados, a partir da veiculação de

imagens da homossexualidade como “doença”,

“vício”, “perversão” ou “degeneração”.

Os autores Carrara e

Vianna (2004) chamam a nossa atenção no sentido de

que essas imagens se tratam de representações

da homossexualidade constituintes dos saberes

biomédicos do início do século passado

A problematização acerca da “gênese” da homossexualidade – atrelada a práticas visando a uma reestruturação das condutas sexuais – revelou uma

preocupação exaustiva com as sexualidades periféricas.

Seja como for, a homossexualidade não

se localiza fundamentalmente no orgânico, mas

nas memórias e nas experiências vividas, o que

sugere a interpenetração entre psicologia e religião.

A noção de cura e o ideal de

restauração sexual buscam construir um sujeito

reflexivo e implantar uma ética sexual dos homossexuais, pode emergir sob a forma de

tentações e provações, mas é preciso uma verdadeira guerra espiritual pelo controle e posse de

si.

O ideal da transformação do sujeito em um

templo do Espírito Santo busca reforçar essa

dimensão ética.

Afinal, um templo é sagrado e

deve ser resguardado.

As considerações aqui empreendidas não

procuram oferecer uma visão homogênea desse

campo religioso.

Os materiais examinados por mim, apontam

para as perspectivas de atuação de determinados

grupos religiosos, principalmente daqueles ligados a trabalhos pastorais que buscam o gerenciamento da sexualidade.