Do corpo carne ao corpo templo
A análise empreendida até aqui em nossos artigos, aponta para
a dimensão da corporalidade ao fazer uso das
noções de corpo carne e corpo templo, idéias presentes com maior ênfase na literatura sobre batalha
espiritual, mas também em livros (e contextos
rituais) que focalizam a cura da homossexualidade.
A imagem do corpo carne indica a necessidade de
renascimento, que compõe todo processo de conversão.
O discurso pastoral, fundado em princípios
cosmológicos, enfatiza a necessidade da morte do
“eu” (antigo), para o posterior despontar de uma
nova criatura.
As metáforas estar pleno, cheio do
Espírito Santo, encher-se de Deus expressam um
discurso cosmológico que concebe um “eu” sagrado, de corpo, mente e espírito curados e libertos.
O sujeito de vontade fraca, que cedia aos ditames
da carne pela prática do pecado, pode se tornar o
indivíduo que renuncia, resiste e é senhor de seus
impulsos, portador de uma ética construída pela
busca da restauração sexual.
Em concordância com o escritor
Foucault (2004), estamos diante de tecnologias de si
que visam a instaurar o autocontrole, de forma
similar ao ideal celibatário dos primórdios do cristianismo.
A discussão em torno do desejo e do
impulso homossexual apresenta o exercício da vontade como problema axial (equilibrio):
Buscar a cura da homossexualidade; libertação ou restauração sexual significam exercer uma ética sexual baseada nos princípios da renúncia e da contenção, na reflexividade
diante dos desejo