O ser G constrangedor?
Os discursos visto nestes artigos sobre a cura das memórias, indica procedimentos e métodos de produção do
sujeito, com a finalidade de desenvolvimento de
uma ética sexual, do cultivo de si pelo auto-exame e pelo exercício da disciplina.
O que está
em foco é a busca do exercício da vontade:
Por muito tempo o indivíduo desenvolveu um
padrão de submissão em que foi reduzida e nulificada sua mente e sua vontade. [...]
A imagem de
Deus que consiste em desenvolver a vontade e a
liberdade humana tem que ser redescoberta, como
um dom de Deus, e a pessoa deve perceber a
importância e a sublimidade da vontade humana
aos olhos de Deus e aos olhos dos outros seres
humanos.(Itioka, 1993, p. 225).
Esse conjunto de valores assemelha-se àquele investigado por Tânia Salém (1992) na literatura de auto-ajuda.
Individualidade, vontade e
posse de si constituem o núcleo de preocupações
a partir do qual são propostas determinadas técnicas e conselhos.
Vale lembrar que no universo pesquisado o termo libertação tem um sentido
bastante particular:
- Libertar-se é recuperar o controle de si, é ver-se livre dos constrangimentos
infringidos pelas potências do mal.
Com efeito, há
semelhanças entre o discurso religioso e a literatura de auto-ajuda nesse sentido.
– “Livre de quaisquer constrangimentos e de determinações externas, o ‘indivíduo natural’ encontra-se imerso no
reino do livre-arbítrio, da escolha, da vontade e
da consciência”.
– Mas a proposta pastoral difere pela especificidade de suas
técnicas, englobadas pela perspectiva religiosa.
Não se trata, portanto, da produção do indivíduo
autônomo moderno, mas de uma autonomia conquistada pela submissão a Deus, que é quem protege, separa, aparta do mal.
Contudo, o controle de si também pode ser obtido pela transformação do sujeito em templo do
Espírito Santo.
– Ser cheio, pleno da divindade.