Crise de meia idade

Maldita é a hora que se mata a infância.

Eu ainda estava fora do meu tempo, quando mataram a infância ainda de fraldas, começava a engatinhar, e morrera, vitima de um tempo cada vez mais veloz. Esta na hora de por quebra-molas na vida, antes que sejamos mortos ainda embriões. No meu tempo, há no meu tempo... as coisas não eram assim... todos falamos isso pelos cantos. Mas seria o tempo, algo nosso?

Já que somos donos do tempo, mandaremos parar tudo, principalmente naqueles momentos, que mais tarde lembraremos com afinco e ternura, e que certamente exclamaremos:

- Ah! Meu tempo...

Não é justo, o tempo não pode passar rápido como um bólido de formula um, ou um jato. Vamos aproveitar mais os dias, os minutos, os segundos. Vamos fazer de um segundo um minuto, e não ao contrario. Nos damos conta do tempo passado, quando nem acenando se vê.

Somos traídos pela nossa soberba, únicos animais racionais, que sabem que são finitos, mas se apegam numa ânsia imortal, tal esse autor, que assim como todos os outros, tentam eternizar-se nas linhas mortas de letras difusas, confusas e as vezes ate coerentes, que do jeito que vamos, vai ser incompreensível no futuro, assim como poucos são os que lêem, e menos ainda entendem, os autores do século passado, ou distorcem em livros escravistas como o mais impresso.

Nossa finita passagem por aqui, precisa valer a pena, não só para os que virão, mas para quem aqui está, tão presente quanto você, um dos vinte que lerão isso até o fim do século, e um dos quatro que o lerão até o final. Não podemos perder tempo. A vida passa, e ao tempo de ler isso, modorrento, já se passou um ano, na nossa cabeça, pelo menos.

No meu tempo, lá vamos nós de novo, eu queria ser adulto o mais rápido possível, assim como Hanks, no filme “Big” de 1988 (Cansado da vida de criança, um menino de doze anos pede a uma máquina de desejos para ser adulto. No dia seguinte, ele se surpreende ao ver que seu desejo tinha sido realizado. Sua mãe o expulsa de casa achando ser um estranho e "Josh" Baskin (Tom Hanks) tenta usar seu lado infantil para se dar bem no mundo dos adultos. Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator para Tom Hanks)., para correr atrás da infância, assim que a perde.

Quantas vezes você deve ter se perguntado:

- Parece que foi ontem?

E na maioria das vezes faz anos. Em que tempo de sua vida você queria “dar um pause”? Não temos escolha. Nós passamos pelo tempo, sem controle algum sobre ele. Eu queria parar o tempo, antes dos dez anos. Eu ainda acreditava nas coisas inúteis, imaginarias, tais como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Deus. Eu não tinha responsabilidades, como eleger um bando de larápios para administrar a nação, e decidir o meu futuro, eu não precisava fazer escolhas, hoje as crianças que governam os pais. Sempre acatava os mais velhos, hoje os mais velhos são como telegrafo, sabem que existe, mas não sabem para que. Bons tempos. Eu plantava árvores, mesmo sem saber que era necessário, eu queria repor áquelas que cortava para fazer minha casa na mata.

Eu caçava passarinhos com minha funda, e cuidava do ninho de outros, caçava os mais densos e danosos a nossa cultura ou as cercas. Eu não conhecia a palavra corrupção, e desconhecia pessoas más. Fazíamos trocas. Um ajudava o outro. Um dia íamos todos para a casa de um fazer uma coisa necessária, e no outro fazíamos na nossa.

Mas o mundo não para de girar. E o tempo passou. E éramos felizes e não sabíamos. Podíamos andar qualquer hora da noite ou do dia, e no máximo, precisávamos cuidar das cobras, dos bichos, não de pessoas peçonhentas.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 27/12/2007
Reeditado em 28/12/2007
Código do texto: T794196
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