“LÁZARO ESTÁ MORTO”

“LÁZARO ESTÁ MORTO”

“A morte não existe. Se você perdeu um ente querido, não se desespere: tenha a certeza de que ele não morreu. Apenas mudou de estado e, mais cedo ou mais tarde, você o irá novamente encontrar. Não dê a ele, pois a decepção de querer fugir da luta. Não pretenda ser superior a Deus: aceite o que Deus determinou em Sua sabedoria, e será imensamente feliz”. ( Carlos Torres Pastorino)

O Pastor Aírton Evangelista da Costa, da Assembléia de Deus Palavra da Verdade, em suas colocações no caderno Espiritualidade, de 23 de dezembro de 2007, do jornal O Povo - questiona a figura bíblica de Lázaro, fazendo um contraponto como os ensinamentos de Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita. Primeiramente queríamos afirmar que a Bíblia apesar de ser um grande livro, com excelentes ensinamentos, não pode ser considerada a palavra de Deus. Muitos acontecimentos se perderam no tempo e no espaço, passaram de pai para filho, é cópia de cópia, e mesmo assim o Pai todo Poderoso não desceu de seu local Divino para escrever livro algum. Muitas pessoas, muitos povos tentaram ao seu modo traduzir o “Livro Sagrado”como afirmam católicos e protestantes. Primeiramente queríamos afirmar o que é sagrado não se profana. Indagamos: ”Se a Bíblia é a palavra de Deus, porque uma tem 7 livros a mais do que à outra? A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica. Representa a codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vários autores estão nela colecionados, em número de 42. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerônimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era. As igrejas católicas e protestantes reuniram a esse livro os Evangelhos de Jesus, dando a estes o nome geral de Novo Testamento.

O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã. Traz uma nova mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da Montanha. No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos reconhecer a linha histórica e profética, a linhagem espiritual que os liga. São, portanto, dois livros distintos. Mesmo diante dessas nuances temos a afirmar que Jesus falava através de parábolas e que o próprio doutor das leis, Nicodemos não o entendeu. Dividida em partes, literal, simbólica e alegórica, a maioria aceita ipsi litere a parte literal. Esquece o estimado irmão que o próprio tradutor da Bíblia para o português o pastor João Ferreira de Almeida é réu confesso, tendo afirmado que cometeu mais de dois mil erros. Como dissemos antes, Jesus falava através de parábolas e quando se referia a mortos não significava a estagnação biológica. Vejam essa passagem que talvez muitas pessoas desconheçam: “No entanto, junto com todos os seus amigos crentes, elas ficaram bastante desconsertadas com a mensagem que o corredor trouxera de volta na terça-feira, antes do meio-dia, ao chegar à Betânia. O mensageiro insistia que havia ouvido Jesus dizer: “Essa doença não o levará realmente à morte”. E elas não podiam compreender por que ele não enviara uma só palavra a elas, nem oferecera a sua ajuda de outro modo qualquer. Marta disse: “Deveríamos remover a pedra? “O meu irmão esteve morto por quatro dias e, assim, a decomposição do corpo já deve ter-se iniciado”. Marta disse isso porque também não estava certa do motivo pelo qual o Mestre pedira que a pedra fosse removida; ela supunha que talvez Jesus quisesse apenas dar uma última olhada em Lázaro. E ela não estava sendo nem firme nem constante na sua atitude. E porque hesitava em rolar a pedra, Jesus falou: “Eu não vos disse inicialmente que essa doença não o levaria à morte? E não vim para cumprir a minha promessa? E quando eu vim até vós, eu não vos disse que, se apenas crêsseis, vós veríeis a glória de Deus? E por que duvidais? Quanto tempo ainda falta para acreditardes e para que obedeçais?” Jesus mostra sua condição de Espírito Puro como afirma Kardec, ele sabia que Lázaro dormia em alto estado de letargia ou catalepsia como queiram. Era natural que uma pessoa trancada em um túmulo por quatro dias, com alguns órgãos já necrosados, exalasse mau cheiro.

Kardec não precisaria está presente ao local para afirmar o estado de letargia de Lázaro e não haveria necessidade de alguém informá-lo de citado acontecimento. O prezado pastor também estava lá para discordar das citações de Kardec? O que falta aos estimados irmãos é um estudo mais aprofundado da espiritualidade, visto que acreditar piamente no que está na Bíblia não irá a lugar algum. Apometria, desdobramento, ressurreição do espírito e não da carne, profetização(mediunidade), ectoplasmia são fenômenos de efeitos físicos e Jesus conhecia-os muito bem. É de uma criancice sem tamanho um homem que diz pregar a palavra de Deus falar em clone, mesmo que seja em tom de ironia. Os grandes vultos da Bíblia se desdobravam, isto é, o espírito deixava o corpo e Jesus sempre estava em desdobramento. “Lázaro mal podia compreender o que havia ocorrido. Ele sabia que tinha estado muito doente, mas podia lembrar-se apenas de que adormecera e de que fora despertado. E nunca se viu capaz de dizer nada sobre esses quatro dias no túmulo, porque tinha estado totalmente inconsciente. O tempo é inexistente para aqueles que dormem o sono da morte”.

Muitos detalhes que nossos irmãos de crença precisam estudar e conhecer e não se contentar com o que está escrito na Bíblia, já que ela foi escrita por homens iguais a todos nós. Kardec está certo em suas afirmações, Lázaro dormia. Quantas pessoas foram enterradas vivas, pois as causas da letargia e da catalepsia são desconhecidas. Sobre as forças fluídicas de Jesus não existe contestação, pois através das mãos ele usava essa força para curar doentes, e na sua humildade dizia: “vai que tua fé te curou”, na realidade que não tem fé é um morto em potencial. Jesus ao convidar um jovem para acompanhá-lo, foi negado, pois teria que enterrar o pai morto. Jesus disse ao rapaz: “Deixai que os mortos - enterrai seus mortos”. Pode um morto enterrar outro? Quando Jesus se refere a mortos ele engloba os egoístas, os materialistas, os sem fé, os que não praticam a caridade, a fraternidade e o perdão e são verdadeiros discriminadores. Essa é uma resposta as afirmações do pastor Aírton Evangelista da Costa em nome dos que fazem a Doutrina espírita ou espiritismo.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 26/12/2007
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