O Paraná na rota da destruição
A metáfora é apropriada para o momento. Em absolutamente todas as regiões desse importante ente federado localizado na região sul do País, as consequências do fenômeno climático “El Niño” se mostraram em toda sua plenitude. O registro de índices pluviométricos históricos é apenas uma mostra do que os elementos naturais podem ocasionar, quando diretamente afetados pela ação humana. As previsões climáticas se confirmaram e o rastro de destruição parece não ter fim. Com precipitações extremamente volumosas ininterruptas há mais de um mês, os paranaenses sofrem com o pacote completo, infelizmente na versão “premium” do destempero climático.
Vendavais devastadores, muitos acima dos 100 km/h de velocidade que causaram estragos em edificações residenciais, comerciais e industriais; veículos de grande porte tombaram com a força descomunal dos ciclones; na zona rural, galpões tiveram suas coberturas arrancadas ou foram destruídos completamente; aviários alagados, maquinário agrícola seriamente danificado; culturas como milho, trigo, feijão e hortaliças em ponto de colheita seriamente comprometidas e em alguns casos, totalmente perdidas; a soja, força motriz do agronegócio semeada recentemente, foi prejudicada pelas fortes enxurradas. Rodovias afetadas com quedas de barreiras dificultam os deslocamentos e a movimentação de produtos. Ocorrências de granizo elevaram substancialmente os danos, expondo a fragilidade da população ante a fúria insana da natureza. Constatou-se a ocorrência de tornados, fato até então inédito e com potencial destrutivo sem precedentes na história. Rios que banham cidades do sudoeste transbordaram, deixando milhares de desalojados e desabrigados. A precipitação pluviométrica média para o mês de outubro foi suplantada em pelo menos quatro vezes, chegando aos quase 600 milímetros.
Diante da situação de calamidade pública em diversos municípios, o governo do estado liberou recursos para atendimento às quase três mil pessoas atingidas pelos eventos extremos. A verba deverá ser aplicada na compra de cestas básicas, manutenção de abrigos provisórios e contratação de rede hoteleira para acolhimento de desabrigados em situação de vulnerabilidade, entre outras necessidades urgentes. É importante ressaltar ainda o caráter solidário e generoso da população paranaense, que tem se voluntariado na ajuda imediata aos atingidos pelos eventos climáticos extremos. Não obstante a pronta assistência governamental aos necessitados, os prejuízos da quinta maior economia do País serão contabilizados em cifras astronômicas de centenas de milhões de reais.
Apesar de tantos prejuízos e transtornos, o laborioso povo paranaense certamente haverá de superar mais essa provação. Com o tempo, dedicação e muito trabalho, as coisas voltarão à normalidade. Mesmo nesses momentos de intensa tribulação, não se pode ignorar o sofrimento dos irmãos do norte do Brasil, que padecem por conta dos fenômenos climáticos, mas com efeitos inversos. A severa estiagem que castiga aquela região e leva desconsolo à sua gente certamente chegará ao fim. Diante dos acontecimentos, é necessário que cada cidadão reavalie sua postura na preservação dos recursos naturais, que são finitos. A introdução de práticas ecologicamente corretas no cotidiano já seria um bom começo. Subestimar e ignorar os eventos climáticos recentes, definitivamente não é uma boa ideia.