Paciente Irrazoável
O analista, que era inatingível ao amor do paciente, mostra agora a mesma atitude de tolerância e compreensão pelo paciente irritável.
Sabe e mostra ao paciente que todas essas reações são irrazoáveis, derivando-se das decepções sofridas na infância.
Nunca o analista deve irritar-se contra o paciente ou criticá-lo porque, desta maneira, este último perderá toda a confiança na imparcialidade do analista e seu medo tornar-se-ia justificado.
Os leigos compreendem como transferência tão somente o amor do paciente para com o analista.
Mas uma parte não menos importante da transferência é o mundo de medo, ódio e raiva que todos os pacientes guardam no seu
inconsciente contra seus pais e os objetos introjetados, e que transferem com
grande violência ao analista.
O analista tem "de ouvir às vezes ofensas tais como :
"Ele é um charlatão, é mal educado, só tem interesse no dinheiro dos seus pacientes, é pouco inteligente, veste-se mal, prefere outros pacientes e assim por diante.
Às vezes, um paciente adormece durante a sessão mostrando, assim, ao analista, o seu desprezo; outro conta anedotas obscenas para provocá-lo.
Um paciente disse, por exemplo, que quem devia falar era o analista ao passo que
êle só devia escutar e ser pago por isso.
Diante de todas essas provocações, o
analista nunca deverá perder a serenidade.
Deve trazer este ódio à superfície do
consciente e mostrar que tais afetos são revivências da infância, e que o paciente
não tem qualquer razão real para senti-los.