Conduta Analítica

O psicanalista de experiência conhece bem tais mecanismos.

Sabe que determinados traços do caráter neurótico manifestam-se nos hábitos físicos, nos gestos e em tôdas as maneiras do comportamento, como no andar, falar,

etc.

Por isso, ele observa com atenção o paciente que entra em seu consultório.

Um paciente é tímido, hipergentil, tem um sorriso embaraçado, fala com voz baixa,

mal olha no rosto do médico; outro parece ser seguro, convicto de si mesmo,

esconde os sofrimentos querendo mostrar ao psicanalista um ar de superioridade;

um terceiro entra com cara fechada, fala pouco e com muito cuidado, para não

revelar suas fraquezas e mostra certa indiferença para com seus sintomas, que-

rendo dar ao analista a impressão de que, no fundo, não se julga doente.

E, como estes, poderiam ser descritos vários outros tipos.

Sem o saber, o paciente revela, na primeira consulta, determinados traços do caráter e de sua neurose.

Qual deverá ser a atitude do psicanalista nesta primeira consulta?

Ele tem a difícil tarefa de despertar confiança no paciente, de estabelecer um contato,

sem tomar uma atitude expressamente amável.

Em geral, basta ouvir atenciosamente, fazer determinadas perguntas, mostrar compreensão e tolerância completa diante de tudo que o paciente contar.

O psicanalista que tem preconceitos sociais ou éticos, não deverá demonstrá-los: êle não deve julgar os atos e pensamentos de seus pacientes sob o ponto de vista do bem ou do mal.

A única coisa que o deve interessar é saber porque tal paciente age desta ou daquela maneira e porque não pode ele ser como queria ser.

Para chegar a uma atitude sinceramente imparcial e intransigente, o analista precisa ter-se submetido a uma análise didática que o liberte praticamente de tôdas as reações irrazoáveis e lhe dê um conhecimento profundo de sua própria personalidade.

Will Juiz
Enviado por Will Juiz em 11/10/2023
Código do texto: T7906254
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.