Conduta Analítica
O psicanalista de experiência conhece bem tais mecanismos.
Sabe que determinados traços do caráter neurótico manifestam-se nos hábitos físicos, nos gestos e em tôdas as maneiras do comportamento, como no andar, falar,
etc.
Por isso, ele observa com atenção o paciente que entra em seu consultório.
Um paciente é tímido, hipergentil, tem um sorriso embaraçado, fala com voz baixa,
mal olha no rosto do médico; outro parece ser seguro, convicto de si mesmo,
esconde os sofrimentos querendo mostrar ao psicanalista um ar de superioridade;
um terceiro entra com cara fechada, fala pouco e com muito cuidado, para não
revelar suas fraquezas e mostra certa indiferença para com seus sintomas, que-
rendo dar ao analista a impressão de que, no fundo, não se julga doente.
E, como estes, poderiam ser descritos vários outros tipos.
Sem o saber, o paciente revela, na primeira consulta, determinados traços do caráter e de sua neurose.
Qual deverá ser a atitude do psicanalista nesta primeira consulta?
Ele tem a difícil tarefa de despertar confiança no paciente, de estabelecer um contato,
sem tomar uma atitude expressamente amável.
Em geral, basta ouvir atenciosamente, fazer determinadas perguntas, mostrar compreensão e tolerância completa diante de tudo que o paciente contar.
O psicanalista que tem preconceitos sociais ou éticos, não deverá demonstrá-los: êle não deve julgar os atos e pensamentos de seus pacientes sob o ponto de vista do bem ou do mal.
A única coisa que o deve interessar é saber porque tal paciente age desta ou daquela maneira e porque não pode ele ser como queria ser.
Para chegar a uma atitude sinceramente imparcial e intransigente, o analista precisa ter-se submetido a uma análise didática que o liberte praticamente de tôdas as reações irrazoáveis e lhe dê um conhecimento profundo de sua própria personalidade.