O Ser G e a sexuaçao

Jacques Lacan conjuga o quantificador “para todo” com o quantificador “existe um que diz

não”.

Esse que existe é o sujeito suposto de que aí

a função fálica não compareça, sendo assim, há um que não é castrado.

Se a regra é castração simbólica para todos os homens, é preciso estruturalmente que haja uma exceção, fora do universal da castração, que fale não à função fálica, ∃x Фx.

Existe pelo-menos-um fora da função fálica do lado masculino da sexuação, como

demonstra Lacan, que é alimentada pela função do pai, que se pode encontrar no pai

da horda primitiva que Freud demonstra em

Totem e tabu, onde Freud retoma Charles Darwin, o qual demonstrou uma hipótese sobre o estado dos homens primitivos, para desenvolver sua teoria do pai primordial.

Freud constrói um mito procedente da

humanidade, em que existia um homem que ditava as leis e a quem pertenciam todas as mulheres; os filhos deste homem não tinham como rivalizar com ele, embora cobiçassem suas mulheres.

“Chega um momento em que esses outros

homens - os filhos de um homem - decidem matá-lo, e assim o fazem”.

Morto, o homem todo-poderoso não pode mais impedir a desordem que se designa, sem leis, a comunidade ligeiramente chega à beira do desaparecimento.

Os filhos desse homem decidem, então, fazer com que sua imagem volte e erguem um totem, que veneram, mas ao mesmo tempo passam a se sentirem culpados pelo assassinato que cometeram.

Cria - se então, os tabus, como por exemplo, o incesto, que são leis ligadas ao totem, às quais a comunidade precisa obedecer.

É por esse motivo que, em psicanálise, a Lei sempre está referida ao pai, autor da castração que, ao nomear os filhos como

seus, impõe-lhes limites que eles, contudo, sempre tentarão derrubar.

O mito do pai da horda primitiva produz

consistência imaginária à verdade da “todohominia” , ou seja, da castração como funçao fálica para todo homem.

O ∃x Фx compõe um limite ao gozo fálico, demonstra que o gozo fálico é limitado, contém uma borda, não é infinito.

Esse limite é a castração, simbolicamente efetuada pelo Pai edipiano.

Estruturalmente, aponta que seu regulador é a forma fálica, que dá a medida para o homem.

Os homens estão sempre se medindo, competindo, avaliando, comparando seus falos.

Esses estão totalmente na forma fálica, a qual compõe o gozo fálico e sua limitação.

Will Juiz
Enviado por Will Juiz em 09/10/2023
Código do texto: T7904767
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