O ser G Sublimado?
Como podemos observar, em todos os casos
citados, por Sigmund Freud a homossexualidade aparece e não se
resume a um ato sexual e muito menos a estrutura perversa.
Assim se deve distinguir, em Freud, o que
ele chama de pulsão ou tendência homossexual, que é um componente libidinal de todo ser humano, e a homossexualidade exercida na prática como escolha de objeto efetivada pelo sujeito, sendo consciente
ou inconsciente.
Freud vai ainda mais longe na despatologização da homossexualidade, em seu Manuscrito inédito de 1931, elaborado para ser o prefácio de um livro escrito com o embaixador norte- americano William C. Bullitt sobre o ex-presidente norte-americano Thomas Woodrow Wilson.
Ele afirma que é devido à uma libido homossexual sublimada que a humanidade faz laço social, que há união entre os homens, portanto, aqui cabe citar Freud:
“A própria sociedade humana se mantém unida por meio de libido homossexual sublimada, na medida em que a passividade do menino em direção ao pai se transforma em amor ao próximo a serviço da sociedade”.
Ora, cabe o questionamento, se a homossexualidade estivesse na perversão completamente, seria possível uma
libido homossexual manter a humanidade unida por todos esses anos?
Freud ainda salienta que não é só laço social, unidade entre homens, que a libido homossexual mantém, ele coloca que tal
libido garante a continuidade da humanidade:
“ É a homossexualidade, não em sua forma manifesta, mas em suas sublimações, que garante a continuidade da comunidade humana e talvez consiga um dia unificar todas as raças da humanidade em uma grande fraternidade”.
Na citação vemos mais, a esperança de Freud de uma fraternidade, de uma sociedade sem preconceitos, está depositada na libido homossexual.
Podemos dizer que a perversão implica numa certa exclusão, num certo “preconceito”, pois só serve o objeto que corresponde ao fetiche, todos os outros objetos estão excluídos, logo o laço social sustentado é tênue.