O Ser G incompreendido ?
Texto I
Neste tópico argumentaremos sobre as
afirmações de três autores, que são:
*Elisabeth Roudinesco,
*Waldermar Zusman e,
*Checcinato.
Os textos dos dois últimos autores foram escolhidos por serem artigos da revista de psicanálise Boletim de Novidades - Pulsional, uma revista atual, bem conhecida e respeitada no campo psicanalítico e acadêmico.
Primeiro iremos apresentar a afirmação de
Waldermar Zusman.
O referido autor faz uma interpretação biologizante do entendimento sobre a
pulsão, na qual ele negligencia a diferença que há entre o conceito de pulsão e de instinto, afirmando que “a atividade sexual se impõe aos seres humanos, bem como aos animais, sem se importar com o fato de que a chamemos de instinto ou pulsão".
Esta visão biologizante, além de reduzir a Trieb (pulsão) freudiana ao instinto sexual,
sustenta a versão de Zusman sobre a identificação do homossexual com a mãe enquanto fator responsável pela fixação anal e sua respectiva passividade.
Apoiado na noção biológica das fases da libido em detrimento da linguagem, o autor faz existir o objeto capaz de completar o sujeito e, assim, sustenta sua crença de que a homossexualidade seria um desvio da norma por não ter se subordinado à primazia
genital.
Porém, de maneira oposta à ideia que Zusman propõe, podemos entender nos textos de Freud, que há algumas características da pulsão que a distinguem de um instinto: o seu objeto não é pré-determinado biologicamente e as suas maneiras de satisfação são variáveis.
Este debate sobre o termo certo, instinto ou pulsão ainda é visível, e nas obras freudianas traduzidas para o português não há um consenso, por exemplo, as traduções da editora Imago e da Companhia das
letras utilizam o termo “instinto”, já a tradução das Obras incompletas de Sigmund Freud da editora Autêntica utiliza o termo “pulsão”.