A história e a igualdade de género

A igualdade de género podemos afirmar dever incluir (entre outros) a igualdade de deveres, direitos, liberdades e liberdade de expressão para com todos os géneros, biológicos ou não. Algo que o nosso país ainda tem de melhorar. No entanto, nós (cidadãos mundiais) temos o dever de não cair em excessos o que neste caso se traduziria na suplantação de um género face aos outros. Algo que estou completamente em desacordo, uma vez que para uma sociedade justa e equilibrada não pode existir a superioridade de um ou mais géneros face aos restantes.

Enquanto historiador, defendo que a História pode e deve ser estudada por temas, contudo ela é indivisível. Com isto quero dizer que os acontecimentos e atores históricos estão interligados sendo impossível estudar um elemento sem ter noção dos restantes. Por exemplo, a História militar, a que estuda os atores militares bem como os acontecimentos militares e analisa-os criticamente; e esta por sua vez só fica mais completa quando se estuda, paralelamente, a História económica do conflito em causa; por sua vez esta análise só ficará mais completa com o estudo da História política, social... Portanto, a História só fica completa se soubermos um pouco do que envolve o tema que se estuda.

Contudo, há aqueles que pretendem apagar e, atrevo-me a dizer, a deturpar a nossa História. A denominada cultura “woke” pretende que o ensino da História em Portugal seja monocromático e idealizado aos seus ideais de igualdade, que é, como quem diz, uma visão “descolonizadora” e “femista”. Por outras palavras, uma cultura radical que não encontra o equilíbrio na igualdade de género priorizando um género ao outro. O perigo destas ideologias para a educação consiste na radicalização das futuras gerações que poderão encarar o futuro a favorecer um género aos outros. Para o estudo da História, estas ideologias, para além de não serem fatores do estudo e análise da mesma, implica, de igual forma, que o estudo da História não seja feito com o maior nível de imparcialidade possível. O artigo do historiador João Pedro Marques no site do jornal Observador apesar de não falar diretamente da igualdade de género, fala dos excessos que a cultura “woke” tem no ensino da História em Portugal. Enquanto leitor, o artigo deixa-nos com uma visão negativa da sociedade e é com esse pensamento que escrevo, por outras palavras: não podemos deixar os extremismos (de direita ou esquerda) comandar a nossa sociedade e danificar o processo, neste caso, rumo a uma maior igualdade de género. (artigo dos woke)

Onde é que a História se insere aqui? Insere-se na medida que vai ditar o que as gerações futuras pensarão dos eventos do século XXI, mas também dos séculos anteriores. Essa visão poderá ser deturpada caso existam atores que insistam em ensinar uma História conforme os seus ideais. Portanto, e em suma para se estudar a História das mulheres tem que se estudar a dos homens e vice-versa e para se estudar a História dos dois estuda-se HISTÓRIA. Por sua vez, a História deve ser escrita com uma visão imparcial dos acontecimentos e agentes históricos não devendo fazer a diferença entre géneros, etnias, credos, orientação sexual só para nomear alguns.

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