REVER
Cheguei agora da festa de comemoração do aniversário de uma prima que amo de paixão, e nessa festa tive a oportunidade de REVER muitas pessoas, parentes por parte do meu pai, primos, primas que não via há muitos anos, mais de 50 anos alguns, e o mais interessante é que ao nos aproximarmos vamos nos olhando, e os olhares são identificadores e ao mesmo tempo vagos, porque eles estão scaneando - usando termo moderno para falar de antiguidade - buscando, escavando, fazendo uma busca arqueológica no fundo, nas profundezas da memória de um tempo longínquo mas que ficou marcado, ficou salvo, foi feito um upload nos confins de uma memória que não morre, lá está a informação, lá estão as fotos que foram fixadas naquela época, quando nos víamos com uma certa frequência e ninguém sabia que rumos teriam em suas vidas. Então, passada a fase de identificação, um dizendo ao outro quem era, filho de quem, onde moravam, e quanto mais informações melhor para refrescar a memória e trazê-la à tona e poder mantermos uma conversa nostálgica, relembrando momentos, situações, conversas e relatando, em um breve resumo, a sua vida de lá para cá. Via-se muitas conversas, muitas risadas, e de repente alguém interrompe porque também quer te abraçar, também quer a tua atenção, também quer ser lembrada, e assim vai se desenrolando a festa, vão se desenrolando os relacionamentos, as memórias vão ficando mais ativas, mais atuais, mais refrescadas e parece que o tempo não passou, os anos não foram tantos quanto é na verdade, porque o carinho, as boas recordações permanecem para sempre dentro de nós. O que mais nos lembramos,em qualquer encontro com pessoas que faz muito tempo que não vemos é falar de comida. Porque a comida é o que de melhor fazemos na vida. Comer é tudo de bom, nos traz prazer. Então as conversas convergem para lembrarmos de algum doce ou salgado, mas principalmente doce, porque o nosso cérebro nos faz lembrar de coisas que nos fazem bem, e o doce é algo que nos faz bem para alimentar e aumentar nossa alegria. E assim foi, falamos dos doces que nossas vós faziam, que nossas tias faziam com maestria, e nos tentamos fazer, copiar, mas nunca fica igual porque no cérebro registrou aquele sabor, aquele jeito, aquele formato, e por mais que tentemos não chegamos aos pés, mas vale a tentativa, é uma forma de estarmos junto dessas pessoas que já se foram mas continuam em nossas vidas de uma forma ou de outra. Rever pessoas é o máximo, principalmente parentes. Tenho tido o grato prazer de reencontrar muitas pessoas que fizeram parte da minha infância até o começo da fase adulta, até os 17 anos. Estou vivendo de nostalgia e matando a saudade de um tempo maravilhoso que não volta mais, mas quando revemos essas pessoas volta num flashback que abala nossos sentimentos e nos faz mais feliz ainda. Eu estou muito feliz em rever pessoas e sem pensar que já estou velho, ou melhor, penso, mas não me importo com isso.