CUIDADO COM AS AMARRAS
CUIDADO COM AS AMARRAS
Carlos Roberto Martins de Souza
Um homem morava na margem de um rio, era muito chegado à boêmia e as festas. Do outro lado, na margem oposta havia um boteco onde rolava festa a noite inteira, era muita bebida, mulheres e muito mais. No final do dia, depois da sua jornada, resolveu satisfazer aos seus desejos, tomou um banho, vestiu uma roupa limpa, entrou no barco e, depois de uma hora de remo, aportou no seu destino. Foi bem recebido, entrou no clima e desligou-se da vida fora da farra. Tudo parecia muito prazeroso, ele se divertia, dançava e tomava todas, era o seu mundo. Lá pelas tantas, no céu, começaram a surgir os primeiros sinais de que havia chuva anunciando que nem tudo seria festa. Em pouco tempo um temporal desabou, a diversão foi melada, e como na roca qualquer gota d’água leva a luz embora, não seria diferente ali. O tal homem, se vendo em apuros, pois com os ventos, a sua volta para cada seria uma grande aventura, um desafio. Frustrado, entrou no barco e começou a remar intensamente, evitou todos os esforços, pois a tempestade poderia colocar em risco a sua viagem de retorno. O problema é que, por ter exagerado na bebida, sem controle da situação, não se deu conta de que nem tudo daria certo como imaginado. Ele rezava num ritmo alucinante, a chuva não dava trégua, e ele ia vendo minar suas forças. Depois de algum tempo, vencido pelo cansaço, ele desabou dentro do barco, dormiu pesadamente sob o feito da bebida e do desgaste na sua aventura. Pela manhã, já com a tempestade cessada, com aquele gosto de prego na boca, com o corpo doido e as roupas molhadas, ao olhar ao redor, se deu conta de que estava exatamente no mesmo lugar onde estava no mesmo lugar, não havia movido um metro no seu objetivo. Ao examinar a situação, percebeu que, por estar completamente embriagado quando entrou no barco, esqueceu de “SOLTAR AS AMARRAS", só então viu que seu prejuízo era grande. Cansado, abatido, frustrado e angustiado, pois as águas do rio haviam subido muito, impedindo o seu retorno, ele sentiu na pele que a liberdade é relativa, ela depende das circunstâncias que nos envolvem. Tem muita gente nesta vida precisando “SOLTAR AS AMARRAS", precisando, antes de tomar decisões assoldadadas, parar e avaliar se esta agindo de forma racional e inteligente. Muita gente está presa na beira de um barranco da vida, dentro de um barco que é a sua salvação, mas que por estarem cansadas de fazerem coisas que não agregam absolutamente nada às suas vidas, vão gastar todas as energias, mas não sairão de onde estão. Gastam dinheiro, tempo, forças físicas, mas esquecem que o barco não se move se estiver preso a alguma coisa, que ele é sim a sua salvação, mas ele jamais vai fazer a sua parte, o seu sucesso é de sua responsabilidade, “SOLTAR AS AMARRAS” cabe a você, mas é preciso sobriedade, é necessário equilíbrio e compromisso consigo mesmo. Portanto, se você estiver tentando ser alguém na vida, se está se sentindo ameaçado por alguma tempestade na vida, antes de tomar qualquer atitude, lembre-se de que se as amarras estiverem atadas a algum toco as margens do rio da vida, primeiro vá lá, desamarre, não se meta em aventuras, não se embriague nos copos dos prazeres da vida, lembre-se se de que, por melhores e mais prazerosos que eles pareçam ser, eles podem custar caro à sua jornada. Dizem os mais entendidos que toco pequeno é que arranca unha, neste caso, ele, por menor que seja, pode levar você a enormes decepções. Então, se for começar um retorno, SOLTE AS AMARRAS, ou pague o preço de acordar tarde demais, sem chance de recomeçar.